Endechas a Barbara escrava
A üa cativa com quem
andava d´amores na Índia chamada bárbora
Aquela
cativa,
que me
tem cativo,
porque nela vivo,
porque nela vivo,
já não
quer que viva.
Eu nunca vi rosa,
Eu nunca vi rosa,
que em suaves molhos,
que para meus olhos,
que para meus olhos,
fosse mais fermosa.
Nem no campo flores,
nem no céu estrelas,
me parecem belas,
me parecem belas,
como os meus amores.
Rosto singular,
Rosto singular,
olhos sossegados,
pretos e cansados,
pretos e cansados,
mas não de matar.
üa graça viva,
que neles lhe mora,
para ser senhora,
para ser senhora,
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Pretos os cabelos,
onde o povo vão
perde opinião,
perde opinião,
que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
tão doce a figura,
que a neve lhe jura,
que a neve lhe jura,
que trocara a cor.
Leda mansidão,
Leda mansidão,
que o siso acompanha:
bem parece estranha,
bem parece estranha,
mas bárbara não.
Presença serena,
que a tormenta amansa:
nela enfim descansa,
nela enfim descansa,
toda a minha pena.
Esta é a cativa,
Esta é a cativa,
que me tem cativo,
e, pois nela vivo,
é
força que vivae, pois nela vivo,
Luís de Camões
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