
A consciencialização de que há gente que se mantém sempre ao lado e que me dão provas de assim se manterem apenas porque sim.
A consciencialização de que faço algumas coisas bem e que isso faz sentido para os outros e para mim.
A consciencialização de que consigo acabar bem as tarefas a que me vou propondo
A consciencialização de que há muitos outros iguais a mim e que as questões não podem ser pessoalizadas
A consciencialização que este desejo de infinito e de tudo abarcar é inerente à condição humana e é mola e motor do agir e da não acomodação
A consciencialização de que há coração e que há cérebro sempre numa dupla tensão
A consciencialização de que há dias felizes que devem servir para nos aquecer as mãos nas noites de inverno como dizia ontem o António Lobo Antunes (ver post anterior)
Se Eu Pudesse Trincar a Terra Toda
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXI"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Ainda não consigo ver o teu video.
ResponderEliminarMas acho que trincar a terra toda era uma sensação boa...
Beijo, João.