
CARDIOLOGIA
Talvez na sua vida o maior estímulo
fosse a curiosidade.
Era o motor de tudo: aproximava-se
de todas as mulheres que conhecia,
mas só lhe interessavam os seus corações.
Cultivava com método essa obsessão
e tal como as crianças costumam fazer
aos brinquedos preferidos,
também ele queria vê-los por dentro,
saber ao certo como funcionavam (…)
Após cada experiência, observava
aqueles corações já desmontados
e, por não conseguir juntar as peças,
guardava-as no peito.
Era um lugar seguro
e com tantos pedaços de outras vidas
na sua pulsação descompassada
podia enfim acreditar
que tinha também ele um coração.
( Fernando Pinto do Amaral )
Sem comentários:
Enviar um comentário