segunda-feira, 30 de julho de 2007
244- a propósito de uma muito pedagógica visita ao Louvre
"Nós não somos do século de inventar as palavras. As palavras já foram inventadas.
Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas."
José de Almada Negreiros
quarta-feira, 25 de julho de 2007
243 - quase, quase em férias
Ticking away the moments that make up a dull day.
You fritter and waste the hours in an offhand way.
Kicking around on a piece of ground in your home town,
Waiting for someone or something to show you the way.
Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain.
You are young and life is long and there is time to kill today.
And then one day you find ten years have got behind you.
No one told you when to run, you missed the starting gun.
So you run and you run to catch up with the sun but it's sinking.
Racing around to come up behind you again.
The sun is the same in a relative way but you're older,
Shorter of breath and one day closer to death.
Every year is getting shorter never seem to find the time.
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines.
Hanging on in quiet desperation is the English way.
The time is gone, the song is over,
Thought I'd something more to say.
Home, home again.
I like to be here when I can.
And when I come home cold and tired,
It's good to warm my bones beside the fire.
Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells.
terça-feira, 24 de julho de 2007
242 - ainda tem o seu perfume
Vambora
Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Voce tem meia hora
P'ra mudar a minha vida
Vem vambora
Que o que voce demora
É o que o tempo leva
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem voce na sala
Porque meu coracao dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem voce na sala
Porque meu coracao dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas
domingo, 22 de julho de 2007
241 - questões do coração
CARDIOLOGIA
Talvez na sua vida o maior estímulo
fosse a curiosidade.
Era o motor de tudo: aproximava-se
de todas as mulheres que conhecia,
mas só lhe interessavam os seus corações.
Cultivava com método essa obsessão
e tal como as crianças costumam fazer
aos brinquedos preferidos,
também ele queria vê-los por dentro,
saber ao certo como funcionavam (…)
Após cada experiência, observava
aqueles corações já desmontados
e, por não conseguir juntar as peças,
guardava-as no peito.
Era um lugar seguro
e com tantos pedaços de outras vidas
na sua pulsação descompassada
podia enfim acreditar
que tinha também ele um coração.
( Fernando Pinto do Amaral )
sexta-feira, 20 de julho de 2007
240 - Ah, o poder das tuas mãos!
As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
quarta-feira, 18 de julho de 2007
239 - amigos tenho por centos...
Amigos tengo por cientos
(Violeta Parra)
Amigos tengo por cientos
para toda mi delicia
yo lo digo sin malicia
con verdadero contento
yo soy amiga del viento
que rige por las alturas
amiga de las honduras
con vueltas y torbellinos
amiga del aire fino
con toda su travesura.
Yo soy amiga del fuego
del astro más relumbrante
porque en el cielo arrogante
camina como su dueño
amiga soy del ruiseñor
relámpago de la luna
con toda su donosura
alumbra la más furiosa
y amiga de las frondosas
oscuridades nocturnas.
Amiga del solitario
lucero de la mañana
y de la brisa temprana
que brilla como el rosario
amiga del jardinario
del arco de las alianzas
amiga soy de confianza
de nubes y nubarrones
también de los arreboles
en todas las circunstancias.
Amiga soy de la lluvia
porque es un arpa cantora
de alambres y de bordonas
que tuntunean con furia
amiga de la centuria
de los espacios tesoros
y de los ecos sonoros
que guardan los granizales
amiga de los raudales
que entonan su lindo coro.
Amiga de la neblina
que ronda los horizontes
cordillerales y montes
con su presencia tan fina
la nieve por blanquecina
poblados y soledades
bonanzas y tempestades
son mis amigos sinceros
pero mi canto el primero
de todas mis amistades.
(1954-1957)
segunda-feira, 16 de julho de 2007
quinta-feira, 12 de julho de 2007
237 - la fête
La Fête
Viens, fais la fête
Viens danser toujours
Célébrer l'amour
Sèche tes larmes
Regarde autour de toi
Souris à n'importe quoi
Il faut toucher les choses
Bois ton vin
Sent tes roses
Suis les mots du poète
Prends la vie
Fais la fête
Viens, vis la valse
Vis l'éclat des jours
Viens chanter l'amour
Ouvre tes portes
Reçois la vie chez toi
Gonfle ton cœur de joie
Il faut toucher les choses
Bois ton vin
Sent tes roses
Suis les mots du poète
Prends la vie
Fais la fête
Rodrigo Leão
terça-feira, 10 de julho de 2007
236 - Hoje o céu está mais azul
Hoje o céu está mais azul, eu sinto...
Fecho os olhos.
Mesmo assim eu sinto...
O meu corpo a estremecer,
Não consigo adormecer.
Nem o tempo vai chegar
Para dizer o quanto eu sinto
Você longe de mim.
É uma espécie de dor...
Hoje o céu está mais azul
eu sinto...
Olho à volta
E mesmo assim eu sinto
Que este amor vai acabar
e a saudade vai voltar...
Já não sei o que esperar
Dessa vida fugidia...
Não sei como lhe explicar
Mas é mesmo assim o amor...
(Rosa - Rodrigo Leão)
segunda-feira, 9 de julho de 2007
235 - Lonely Carousel
Lonely Carousel, de Rodrigo Leão,
na voz de Beth Gibbons,
This game we play
We can't escape
We have to attend
It's life you see
When I have tried to amuse myself
To celebrate the fun fair
The pleasures I seek
Are far too discreet for me
And all the time
The world unwinds
I can't deny the way I feel
The truth is lost beyond this lonely carousel
And all these words
They mean nothing at all
Just a cruel remedy
A strange tragedy
Of what will be After I tried
To discover the answers to why
To look for a meaning
Inside of this dreaming I had
And words that I've said
Are spinning 'round
Would sing alone inside my head
Nothing will change
It's always the same
Please make it stop
And all the time
The world unwinds
I can't deny the way I feel
The truth is lost beyond this lonely carousel
And all these words
They mean nothing at all
Just a cruel remedy
A strange tragedy
Of what will be
And all the time
The world unwinds
I can't deny the way I feel
The truth is lost beyond this carousel.
na voz de Beth Gibbons,
This game we play
We can't escape
We have to attend
It's life you see
When I have tried to amuse myself
To celebrate the fun fair
The pleasures I seek
Are far too discreet for me
And all the time
The world unwinds
I can't deny the way I feel
The truth is lost beyond this lonely carousel
And all these words
They mean nothing at all
Just a cruel remedy
A strange tragedy
Of what will be After I tried
To discover the answers to why
To look for a meaning
Inside of this dreaming I had
And words that I've said
Are spinning 'round
Would sing alone inside my head
Nothing will change
It's always the same
Please make it stop
And all the time
The world unwinds
I can't deny the way I feel
The truth is lost beyond this lonely carousel
And all these words
They mean nothing at all
Just a cruel remedy
A strange tragedy
Of what will be
And all the time
The world unwinds
I can't deny the way I feel
The truth is lost beyond this carousel.
domingo, 8 de julho de 2007
234 - a gente lê e não acredita IV
Graças à gotinha fui ler uma notícia do Expresso de hoje e fica-se estupefacto:
"EB23 de Pias ganhou um prémio internacional mas vai fechar
DREN extingue escola premiada
Rosa Pedroso Lima
Um organismo internacional reconheceu mérito educativo, pela primeira vez, a uma escola pública portuguesa. Quando entregar o prémio, a escola já foi extinta.
18:27 | sexta-feira, 29 JUN 07
A escola EB 23 Padre Agostinho Caldas Afonso foi extinta pela Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) em Abril passado. Fecha as portas em Agosto.
Na semana passada, o conselho executivo recebeu o aviso de que a escola tinha sido escolhida para receber o "Prémio Iberoamericano de Excelência Educativa 2007" por um organismo internacional não governamental. “A princípio, julgámos que se tratava de uma brincadeira”, confessou João Vilar, responsável do estabelecimento de ensino. Mas não estavam a brincar. Em Setembro, no Panamá o Conselho Iberoamericano para a Qualidade Educativa, aguarda a presença dos dirigentes da escola para lhe entregar o prémio, em cerimónia oficial. “Não decidimos, ainda, o que vamos fazer”, diz João Vilar. Nessa altura, de facto, já a escola estará fechada e os professores – presidente do conselho executivo incluído- estarão colocados noutro estabelecimento de ensino."
Que país tão rico é este? Esta lógica do "tem menos que x alunos é para fechar" dá nisto! E assim se faz Portugal.
Apetece citar Almada NEgreiros no seu Manifesto Anti-Dantas
"Morra o Dantas, morra! Pim!
Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! Pim!
José de Almada Negreiros Poeta d'Orpheu Futurista E Tudo
1915"
Morra o Dantas, morra! Pim!
José de Almada Negreiros Poeta d'Orpheu Futurista E Tudo
1915"
sexta-feira, 6 de julho de 2007
233 - rotinas
Quando ela deixa o turno fabril
Apanha o autocarro e regressa
Espalha em casa o odor textil
E a roda viva recomeça
Ao pôr do sol faz uma pausa
E pensativa vai à janela
Como se dali fosse ver tudo
O que é mistério á volta dela
Depois liga o rádio p'rá onda média
Ansiosamente remexe o botão
Em busca daquela força
Que às vezes vem numa canção
E se passarem a janis joplin
Fica acessa num repente
Põe-se a dançar em frente ao espelho
E sobe a saia acima do joelho
E vai cantando no quarto-de-banho
Aproveitando a ressonância
A vizinhança acha estranho
E até comenta a extravagância
Mas ela é assim está-se nas tintas
Tem ganas de se ir embora
Mandar o seu mundo ao ar
Subir ao palco e ser cantora
quarta-feira, 4 de julho de 2007
232 - O que for, há-de ser
O que for há-de ser
Ai seja o que for
que o amor me traga,
sei que é Primavera neste Inverno;
Ver que o olhar
é de pequenas rugas e de flores,
tão terno...
Sonhar seu beijo na fronte,
a luz no horizonte,
como o primeiro raio de sol.
Sentir por dentro da calma
a paz e a alma dos que não estão sós.
Linda ciranda
ciranda linda,
gira que gira e torna a girar;
Quando eu morrer
oh ciranda linda, deixa um luzeiro
para que o possa ver!
E sempre à volta a girar,
sempre em volta, no ar
de alma solta a te amar.
Para sempre girar,
sempre em volta no ar,
meu amor, meu amor,
o que for, há-de ser!
Dulce Pontes
segunda-feira, 2 de julho de 2007
231 - E aprendemos
E Aprendemos
Após um tempo,
Aprendemos a diferença subtil
Entre segurar uma mão
E acorrentar uma alma,
E aprendemos
Que o amor não significa deitar-se
E uma companhia não significa segurança
E começamos a aprender...
Que os beijos não são contratos
E os presentes não são promessas
E começamos a aceitar as derrotas
De cabeça levantada e os olhos abertos
Aprendemos a construir
Todos os seus caminhos de hoje,
Porque a terra amanhã
É demasiado incerta para planos...
E os futuros têm uma forma de ficarem
Pela metade.
E depois de um tempo
Aprendemos que se for demasiado,
Até um calorzinho do sol queima.
Assim plantamos nosso próprio jardim
E decoramos nossa própria alma,
Em vez de esperarmos que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,
Que somos realmente fortes,
Que valemos realmente a pena,
E aprendemos e aprendemos...
E em cada dia aprendemos.
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