Em sua homenagem e em homenagem à Sophia, aqui fica registado.
Lisboa
Digo "Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se o seu nome nascesse
Abre-se e ergue-se na sua extensão nocturna
No seu longo luzir de azul e rio
No seu corpo amontoado de colinas...
Lisboa com o seu nome de ser e de não ser
Com os seus meandros de espanto insónia e lata
O seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
O seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construida
Ao longo da sua própria ausência...
Digo o nome da cidade
Digo para ver
(Sophia de Mello Breyner Andersen)

(imagem retirada
daqui)
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