terça-feira, 23 de outubro de 2018

1881 (Do espanto de viver) Gato que brincas na rua

Gato que brincas na rua

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Fernando Pessoa 
1-1931

Sem comentários:

Enviar um comentário

1905 - (da consciência de existir) O uso do telemóvel e a perda da experiência ao vivo

  Há u m gesto que se tornou quase inevitável em qualquer espetáculo ao vivo: o erguer do telemóvel. No caso de um concerto em sala de espet...