Soneto presente
Não me digam mais nada senão morroaqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.
Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.
Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.
Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que for o meu.
José Carlos Ary dos Santos
Ouvi o Ary declamar isto no Coliseu, em Março de 74.
ResponderEliminarAo primeiro verso houve gente que pateou, mas o portento que era a voz dele repetiu-o e a partir daí fez-se silêncio.
No final o Ary tinha o Coliseu de pé a aplaudi-lo. Era Março de 74. E foi quando se cantou a Grândola com o Zeca, o pessoal a 'balançar' como no cante alentejano...
Que memória boa!
Beijinho, João