quarta-feira, 3 de agosto de 2011
1389 - tempo de pinturas
Tempo de pinturas aqui por casa
A ver se branqueio também a alma
Os anos passam e passam
A ingenuidade essa, foi-se
Ao menos isso aprendi com grandes mestres
Com que passo tremente se caminha
Em busca dos destinos encobertos!
Mas a alma... essa é que eu vejo mais minguada!
Fechado, em volta, o céu! o mar, escuro!
A noite, longa! o dia, duvidoso!
Vai o giro dos céus bem vagaroso...
Vem longe ainda a praia do futuro...
Eu não vejo que os céus sejam maiores,
Mas a alma... essa é que eu vejo mais minguada!
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Em tudo que já fomos está o que seremos
No fundo desta noite tocam-se os extremos
E se soubermos ver nos sonhos o processo
Os passos para trás não são um retrocesso
Nunca discutas com um imbecil
Bem depressa Ele te leva para o campo dele
E ai ganha-te aos pontos
A noite é um sinal de tudo quanto fomos
Dos medos, dos mistérios, das fadas e dos gnomos
Da ignorância pura e da ciência irmã
Em que, sendo passado, já somos amanhã
Com as minhas mãos posso fazer a guerra
posso fazer a guerra com as minhas mãos
que poder têm as minhas mãos!
Agora sei!
A noite é o espaço vago, o tempo sem história
Em que as perguntas nascem dentro da memória
Em tudo que já fomos está o que seremos
Mas cabe perguntar: Foi isto que quisemos?
Em tudo que já fomos está o que deixamos
No ventre das marés, nos portos que tocamos
O rumo desvendado, o preço da bagagem
É tudo quanto resta para seguir viagem
A noite é parideira da contradição
Que existe em cada sim que nos parece não
Olhando para nós, os grandes dissidentes
No meio da luta entre lemes e correntes
Será esta viagem feita pelo vento
Será feita por nós, amor e pensamento
O sonho é sempre sonho se nos enganamos
Mas cabe perguntar: Como é que aqui chegamos?
É a luta sem glória! é ser vencido
Por uma oculta, súbita fraqueza!
Um desalento, uma íntima tristeza
Que à morte leva... sem se ter vivido!
A estrada da vida anda alastrada
De folhas secas e mirradas flores...
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ResponderEliminarBeijo, João.
Era mesmo um bom título para o post Maria!
ResponderEliminarEra mesmo! na mouche
beijo
João