quinta-feira, 7 de julho de 2016

1324 - (Do espanto de viver) - Lisboa

Lisboa

Alguém diz com lentidão:
«Lisboa, sabes…»
Eu sei. É uma rapariga
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-me os olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus
e degraus até ao rio.

Eu sei. E tu, sabias?
© EUGéNIO DE ANDRADE
Coração do Dia, 1958

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