quinta-feira, 2 de junho de 2016

64 (da condição humana) - Espuma

Espuma

Não se chega por trás ao infinito
nem pela frente ou pelos lados mas por onde
nenhum nome pode ser dito ou escrito
e ninguém sabe ao certo o que se esconde.

Não pela palavra Nada (a tão terrível)
nem pela paplvra Tudo (a tão perigosa)
mas aquém do visível e do dizível
ou da palavra rosa antes de ser rosa.

  Ou talvez onde um vento ignoto sopre
entre a pedra e o vitral o dentro e o fora
lá onde cheira a incenso e cheira a enxofre
e Deus não cabe na palavra agora.

Entre aquém e além ser e não ser
tantas portas abertas ou talvez nenhuma.
Não há senão um verso para escrever
e sobre a areia branca a breve espuma.

Manuel Alegre

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