Pan, de Knut Hamsun (prémio nobel da literatura em 1920) é, na sua essência, a história de um  sentimento do Tenente Thomas Glahn (personagem central do romance) que o atrai para Edwarda.  Tudo o que vemos acontecer não é senão a forma como tal sentimento  ganha consciência de si, se afirma, se frustra, se nega, reinicia, se  nega de novo. Não há outro enredo: toda a narração se confunde com toda uma série de metamorfoses desta atracção do Tenente pela Edwarda que ele não consegue compreender nem dominar; que às  vezes parece corresponder-lhe e amá-lo também, mas subitamente lhe  escapa e o despreza. Que regressa quando a dava por perdida, que o chama  de novo, para, uma vez mais, o agredir e rebaixar. Pan é,  pois, a história desta indecisão e desta incompreensão, desta contínua  tensão que, no limite, funciona como um jogo - entre querer e não  querer, como se todo o amor precisasse de ser posto à prova: ou como se desejássemos somente  enquanto o objecto do nosso desejo nos é inacessível e, no momento em  que sentimos que também ele nos deseja, principiássemos a querê-lo  menos, a desinteressar-nos, a afastar-nos...
Mas há um outro  aspecto que o romance de Hamsun capta perfeitamente. O objecto do amor  é, até certo ponto, transferível. Em face do seu sentimento ingrato e  difícil por Edwarda, que o ignora ou repudia, o Tenente pode amar outras  mulheres. Até certo ponto. Para provocar ciúmes, ou para preencher o  seu mal-estar. Ou enganando-se a si mesmo. Possivelmente, só mesmo para  se enganar a si mesmo.
Sinopse a partir daqui:  http://leitordeprofissao.blogspot.pt/2010/11/knut-hamsun-pan.html
domingo, 17 de maio de 2015
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