sábado, 29 de novembro de 2014
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
381 - chove
BALADA DE FEVEREIRO
Chove nas ruas como nas veias
cidade cheia de mágoas
cidade cheia de mágoas
e não há barcos ideias
que nos levem por sobre as águas
que tu vento despenteias.
que tu vento despenteias.
Há só a chuva nos vidros
e este viver para dentro
há só minutos perdidos
e este viver para dentro
há só minutos perdidos
e as caravelas do pensamento
naufragadas nos sentidos.
naufragadas nos sentidos.
Palavras tristes de Fevereiro
se vos vestis de melancolia
se vos vestis de melancolia
se vos rodeiam de nevoeiro
como falar da alegria?
Dai-me um verso marinheiro.
como falar da alegria?
Dai-me um verso marinheiro.
Minha cidade embuçada
na capa do nevoeiro
minha cidade encarcerada
nas grades de Fevereiro.
Dai-me um verso madrugada
palavras tristes de Fevereiro.
nas grades de Fevereiro.
Dai-me um verso madrugada
palavras tristes de Fevereiro.
Minha cidade calafetada
quando à porta bate o vento
há só poetas cantando
quando à porta bate o vento
há só poetas cantando
este viver para dentro
e as caravelas do pensamento
naufragadas (até quando?)
perdidas no nevoeiro.
naufragadas (até quando?)
perdidas no nevoeiro.
Manuel Alegre
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
380 - Qual a cor da liberdade?
QUEM A TEM... Não hei-de morrer sem saber Qual a cor da liberdade. Eu não posso senão ser desta terra em que nasci. Embora ao mundo pertença e sempre a verdade vença, qual será ser livre aqui, não hei-de morrer sem saber. | |
Trocaram tudo em maldade, é quase um crime viver. Mas embora escondam tudoe me queiram cego e mudo não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade. (Jorge de Sena, Poesia II) |
sábado, 8 de novembro de 2014
379 - E também uma cor e uma linha...
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
378 - Porque hoje é dia de lembrar Sophia (e mesmo que não fosse)
Sea
I
Of all the corners of the world
I love with a stronger and deeper love
That beach enraptured and bare
Where I become one with the sea, the wind and the moon.
II
I smell the land the trees and the wind
That the Spring fills with perfume
But in them I only want and only look
For the wild exhalation of the waves
Rising to the stars as a pure cry.
Mar
I
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
II
Cheiro a terra as árvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro.
Poesia I
Sophia de Mello Breyner Andresen
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
377 - A minha pátria
"A language is the place from where you see the World in which the limits of our thinking and feeling are mapped From my language I see the Sea. From my language its murmuring is heard, as from others is heard the language of the forest or the silence of desert The voice of the Sea has been that of our restlessness." (Virgílio Ferreira, 1916-1996)
"Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação." (Virgílio Ferreira, 1916-1996)
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