E quando não nos apetece nada e estamos de mal com o mundo, com o país, com os outros, connosco mesmo, sem que haja um motivo específico ou saibamos porquê...
E quando não há mesmo paciência para aturar isto, porque não.
E quando estamos cheios de ouvir auto-justificações e auto-elogios e tanta desfacatez...
E quando já transbordou a nossa taça e estamos cheios.
E quando
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E se descobrissemos, sem que por isso nos estejamos a pôr no pedestal, que a Sophia estava cheia de razão ao escrever o poema
E se descobríssemos que o problema pode estar no facto de muitos calcularem e tu não o saberes fazer e, com isso, poderes dar como os "costados no chão"
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Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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imagem retirada
daqui