domingo, 31 de maio de 2009

823 - O valor de uma luva



















Num dia de Inverno muito frio o menino e seu pai iam buscar lenha. O menino levava as luvas no bolso das calças...

Ao pular por cima de um tronco caído no caminho uma das luvas caiu na neve...

Passou por ali um ratito e, ao ver a luva, entrou dento dela para se aquecer...

... Mais tarde,passou uma lebre e ao ver o rato dentro da luva perguntou:
- Há aí lugar para mim? está tanto frio...
- Sim, sim desse o ratito. Entra e aconchegou-se para que a lebre entrasse na luva.

...Passou por ali um esquilo e ao ver a lebre e o ratito dentro da luva perguntou:
- Há aí lugar para mim? está tanto frio...
- Sim - disse o ratito - Entra
- Sim- disse a lebre - Entra
E aconchegaram-se para que o esquilo entrasse na luva.

... Passou por ali um javali e e ao ver o esquilo, a lebre e o ritito dentro da luva perguntou:
- Há aí lugar para mim? está tanto frio...
- Sim - disse o ratito - Entra
- Sim- disse a lebre - Entra
- Sim - disse o esquilo- Entra
E aconchegaram-se para que o Javali entrasse na luva.

... O menino deu por falta da luva e decidiu voltar para trás.
andou, andou e quando se aproximava do tronco que se lembrava de ter saltado, os animais ouviram os passos do menino e o javali, o esquilo, a lebre e o ratito fugiram com medo do menino.

O menino apanhou a luva, calçou-a e ficou muito feliz porque ela estava muito quentinha...

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(Não fui à manifestação porque não pude estar em Lisboa há hora marcada. De outro modo teria ido! mas teria mesmo. Não foi praia, nem campo, nem cansaço, nem descrédito, nem achar que não valeria a pena...
Foi não poder somente!
A razão mesmo vencida(?) não deixa de ser razão)

sábado, 30 de maio de 2009

822 - O que poderemos aprender com Selma


Selma, de Jutta Bauer

Como seguía sin encontrar la respuesta a mi pregunta, me fui en busca del Gran Carnero... ¿Qué es la felicidad?

Para que lo entiendas, te contaré la historia de Selma...

Érase una vez una oveja...

... que todas las mañanas, al amanecer, comía un poco de hierba...

...luego, enseñaba a hablar a sus hijos hasta el mediodía...

... por las tardes, hacía un poco de gimnasia...

... después, volvía a comer hierba...

... al anochcer, charlaba un rato con la señora Buitráguez...

... y por las noches, se quedaba plácida y profundamente dormida.



Un día le preguntaron, qué haría si tuviera más tiempo. Ella contestó:

Al amanecer, comería un poco de hierba...
... hablaría con los niños, por ejemplo... ¡al mediodía!
Después haría un poco de gimnasia...
... comería...
... al anochecer, me gustaría charlar un rato con la señora Buitráguez,...
... y lo
más importante de todo: por las noches dormiría plácida y profundamente.

Y si le tocara la lotería?

Pues...
Al amanecer, comería mucha hierba...
preferiblemente, al amanecer...
... hablaría largo y tendido con los niños...
...después haría un poco de gimnasia...
... por la tarde, volveria a comer hierba...
... y al anochecer, me gustaría poder charlar con la señora Buitráguez.
Por la noches, muerta de cansancio, caeria en um sueno
muy, muy profundo...
y placido también, por supuesto!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

821 - Deambulando




Vagabundo das Estrelas - João Afonso


Vagabundo das Estrelas - João Afonso

Vagabundo das Estrelas
João Afonso
Composição: João Afonso Lima

Deambulava pela cidade
Atrás dos passos
Tinha um sentido da liberdade
Remotos espaços.

Livre seguia no seu jardim
Para si contando
Histórias sem fim

Fazia do lugar um respirar
Algures dormia
Algures comia

A melodia
Que assobiava para as calandras
Perfumes raros
Que exalavam as noites brandas

Olhava os pássaros
Sorriu assim
E entendia o seu latim

Bebia lento e contemplava
O traço branco
A boca molhava

Muitos passos mede o mundo
Assim me diz quem o sabe
Será grande mas cabe
Nos passos dum vagabundo

Vagabundo das estrelas
Já ninguém se importa ao vê-las
Na esfera a cintilar.

terça-feira, 26 de maio de 2009

820 - Das coisas mais belas que vi

Das coisas mais belas que vi.

Em 1999 num programa do Herman, fez-se o lançamento do álbum da Dulce Pontes "O primeiro Canto"

O Herman maltratou a Dulce como habitualmente... já me estava a incomodar

Mas, quando a Dulce começa o dueto com o Waldemar Bastos cantando a música dele, confesso que me comovi. Ela superou-se, ele também. Foi das coisas mais bem conseguidas que vi

Fui a correr comprar o disco e ainda hoje me comovo com a música e sua interpretação



Velha Chica

Antigamente a velha Chica
vendia cola e gengibre
e lá pela tarde ela lavava a roupa
do patrão importante;
e nós os miúdos lá da escola
perguntávamos à vóvó Chica
qual era a razão daquela pobreza,
daquele nosso sofrimento.
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.

Mas a velha Chica embrulhada nos pensamentos,
ela sabia, mas não dizia a razão daquele sofrimento.
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.

E o tempo passou e a velha Chica, só mais velha ficou.
Ela somente fez uma Cubata com tecto de zinco, com tecto de zinco.
Xé menino, não fala política, não fala política.

Mas quem vê agora
o rosto daquela senhora, daquela senhora,
só vê as rugas do sofrimento, do sofrimento, do sofrimento!
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.
E ela agora só diz:
“- Xé menino, quando eu morrer, quero ver Angola viver em paz!
Xé menino, quando morrer, quero ver Angola e o Mundo em paz!”

Waldemar Bastos

domingo, 24 de maio de 2009

817 - A pausa



Precisei de parar!

Por estes dias,uma enorme sobrecarga de trabalho levou-me a uma saturação. Não era de férias que precisava, mas apenas de não pensar em nada.

Desligar...

Nem pensar sequer em abrir o P.C...

Dormir apenas...

O Lázaro

O Lázaro sou eu, não foi o outro,
O das migalhas e das chagas podres.
O Lázaro sou eu, aqui sentado
À mesa do Vice-Rei
A mastigar com nojo estes faizões!...
Sou eu, vestido de holanda,
A pregar a nudez que sempre usei
Nas grandes ocasiões!...

Sou eu, nado e criado para amar,
e que não sei amar!
Sou eu, que disse não e me perdi!
Que vi Deus e nunca acreditei!
Que vi a estrada impedida
E passei!...

Sou eu, que não sou feliz no Céu nem no Inferno,
porque no Céu há paz, e no Inferno há guerra,
e a minha Paz é outra, e a minha Guerra é outra...
Sou eu, tão Grande e Pequeno
que nem sirvo para grão
da parábola da mostarda!
Sou eu, que há vinte e sete anos
Vivo sem Anjo da Guarda!

Sou eu, que ou tudo ou nada, ou Vida ou Morte,
E acerto sempre na Morte!
Que espeto sempre o punhal
Onde não quero ferir!...
Que sou assim, às cegas e às golfadas,
como as dores abençoadas
de parir!

Sou eu, que me disse adeus
E fiquei à minha espera!...
E que naquela manhã de ano bissexto
- que podia ter sol e teve chuva –
recebi nestes meus braços
o esqueleto verdadeiro
da saudade amargurada
de quem não tem ausentes nem distâncias!

Sou eu, o louco sem asas
Que se lança aos abismos a cantar
A Canção do Inocente...
E que do fundo desse sonho novo
Atira a praga
Que o traga
àquela redentora incompreensão
do seu povo!...

Sou eu – e mostro-me todo!
Quem puder, arranque os olhos
e venha cheio de Fé
ver o Lázaro real
que não vem nos Evangelhos,
mas é!...

Miguel Torga
in “O outro Livro de Job”



Mas eis que hoje estive na inauguração da Biblioteca Municiapl José Saramago no Feijó

Soube-me muitíssimo bem!
Soube ainda melhor rever amigos! um pouco de má língua pois! e sobretudo perceber que as minhas intuições sobre certas pessoas e ambientes são comuns.

Menos mal

Afinal o problema nem era nosso, era do Outro! e é tão bom saber que, sem que tenhamos condicionado o raciocínio (pois nunca tínhamos dito uma palavra sobre o assunto)ouçamos outros a caracterizar de igual forma pessoas e ambientes dos quais temos a nossa opinião.

Obrigado
É para isto que servem os amigos
É tão bom saber que há alguém que nos escuta e que até nos dá razão sem que tenhamos ido com a conversa do coitadinho!

Já me sinto bem melhor e pronto para mais uma semana de trabalho

sexta-feira, 22 de maio de 2009

816 - A cultura da participação II



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Obrigado Maria! assim corrigi uma falha ainda maior. O Adriano entra pela primeira vez no meu Blogue (maravilhas das etiquetas). E pensar que Adriano foi o meu único e primeiro pseudónimo! Guardo fortíssimas recordações das músicas do Adriano! (ainda antes do Zeca!)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

815 - A cultura da participação

Ontem tive, mais uma vez, o privilégio de ouvir os sinais, da TSF, da responsabilidade de Fernando Alves.

Falava-se da Junta de Freguesia de Carnide e de um exemplo de auscultação popular

http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1238350

É por saber que é possivel uma outra forma de viver a democracia que me desgosta esta pseudo-democracia em que vivemos.

Junta de Freguesia de Carnide ao poder JÁ! e não me venham dizer que a democracia a que temos direito é esta do Sócrates. É que as mãos que fazem a guerra também são as mãos que fazem a paz. É apenas uma questão de opção!


As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

814 - Como eu os invejo...

Por estes dias ao navegar pelos blogues que sigo tenho lido muita e boa poesia.

Admito que isso me tem tirado inspiração. Como escrever se, ao lado, tudo nos parece tão certinho e cada palavra no seu devido lugar?

Não, não é falsa modéstia, nem baixa auto-estima (olha quem!)

De momento só me apetecem as palavras dos outros e,por estes dias, estas que não me saiem da cabeça de manhã à noite, talvez por achar que acabo por ser um livro aberto neste espaço!

Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim

Encosta-te a mim
Encosta-te a mim

Quero-te bem.

Encosta-te a mim.

domingo, 17 de maio de 2009

810 - Notas soltas IV


1 - Ontem, na minha escola, juntaram-se as famílias de alunos da escola sendo que estas famílias eram de nacionalidade não portuguesa. Foi oportunidade de juntar emigrantes do Brasil, Canadá, Venezuela, Holanda; Cabo Verde, Rússia, Ucrânia, Filipinas, Moldavia...

Foi uma tarde tocante. Cada uma destas famílias pode trazer a sua cultura à escola com a noção de que a mesma era bem vinda e valorizada e não posta de parte ou não considerada.
Foram apresentados o UNIVA e o Concelho onde se situa a Escola (apresentação do património natural e construído)

Depois foi tempo de ver uma exposição e de se partilhar um lanche "cultural".

Foi uma boa prova de que só há uma raça: A raça humana. Todos temos muito mais coisas em comum do que o que nos separa! sendo ainda que a diferença nos enriquece

Quando se chegou à música, como linguagem universal, confesso que me comovi!

(também é digno de nota a reflexão de que o mundo acaba por ser uma pequena aldeia. É impressionante o número de nacionalidades existentes em Portugla e na escola. Será que já tomámos consciência disto?)


2 - Tive as minhas primeiras cerejas! A cerejeira já tem três anos e já estava convencido que nunca teria cerejas pois apesar das flores que tinha, as cerejas nunca chegavam a crescer e mirravam.

Seria uma questão de juventude da cerejeira? será uma questão de clima durante o mês e Maio que este ano foi diferente?

O facto é que tive 17 (dezassete) cerejas e ainda deixei algumas na árvore para amadurecerem mais uma semana. Estavam óptimas! Será que para o ano vou ter maior produção? Que boas estavam estas...

Aqui faz-se uma pausa para explicar que adoro cerejas! sempre foi, desde criança, o meu fruto preferido... Os brincos que fiz com elas! Também nunca me esqueci do conto de Matilde Rosa Araújo : "Dona Balbina... e as cerejas" do livro que ganhei no Ciclo Preparatório na Biblioteca de Turma. Livro este que foi devidamente autografado pela minha professora de Português


O damasqueiro, com dois anos está tão carregado que os ramos até vergam... Tive de os amarrar para não quebrarem...

Será que, um destes anos, se for despedido me tornarei vendedor de fruta?

sábado, 16 de maio de 2009

809 - relato de uma tarde




De volta a uma certa "rotina" pude deliciar me com mais uma tarde em Lisboa!
Como estava sem carro, o metro foi o meu apoio.

Optei pela ida ao Museu da Cidade. Não ia lá há muitíssimos anos e não dei o tempo por mal empregue, embora a sala referente à primeira República esteja fechada devido à preparação do Centenário.
É engraçado a dimensão que as coisas têm quando somos pequenos e agora. A minha atenção centrou-se em muitíssimos pormenores que me passaram completamente ao lado na altura!

Claro que a maqueta de Lisboa antes do Terramoto nos enche as medidas mas a decoração do palácio/convento é extraordinária. A cozinha e as salas decoradas à época, os jardins, as janelas, o sol!
Depois um retrato interessante de figuras polémicas. Ex: o Marquês em que se mostra o seu papel na reconstrução da cidade mas também o processo dos Távora...

Aproveitei o resto da tarde para uma volta pelo Rossio. Adorei os Jacarandás (lindos!), o sol e a arquitectura. Pudera! depois de ver a história de Lisboa apetece desfrutá-la por inteiro!

Foi também digno de nota o tempo de leitura que me permitiu avançar bastante no meu novo livro de cabeceira: História do cerco de Lisboa" - Lisboa está mesmo na berra por estes dias!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

807 - Rotinas...
























Todos os dias ele chegava a casa e tinha, aproximadamente, a mesma rotina: arrumava a mala e o casaco, cumprimentava os da casa partilhando as novidades e ao chegar ao seu escritório, para ultimar as tarefas do dia, ligava a música, para ter como ruído de fundo e companhia aquelas musicas ou textos que mais lhe dizia, gostava ou acalmava...

Com o chegar definitivo da Primavera, eis que as rotinas foram mudando a pouco e pouco...

Dado ainda ser dia, ele abria a janela para arejar a casa e lhe permitir cheirar o calor da terra e foi-se apercebendo que havia um pássaro no seu jardim...

Um pássaro! que engraçado... onde estará ele?

Até hoje nunca o descobriu! mas o que sabe é que as rotinas mudaram e agora, até ao entardecer, deixou de haver música naquele espaço.

(abre-se um parêntesis para dizer que o autor é mentiroso, pois, por estes dias nunca houve música tão bela naquele escritório)

Pela janela aberta, entra um som ora alegre, ora apressado, por vezes atarefado, como refilando ou dando ordens, mas creio que, na maior parte das vezes o som é um convite para que descubra quem é o autor de tão maravilhoso canto!

Um destes dias a rotina mudará de vez. A janela já não se abrirá porque ele deixará de entrar no escritório durante o entardecer e, ao invés, pegará numa cadeira e sairá por fora para escutar, apenas isso, escutar!
P.S. - Parece que o oamigo lá de fora lê pensamentos... Agora calou-se como que a dizer: Então, não vens ver o que se passa? Quem sou eu adivinha lá? um pardal? não! frio...

João P.
Maio 09

quinta-feira, 14 de maio de 2009

806 - Cada vez gosto mais...



Cada vez gosto mais
De cheirar a brisa do fim da tarde

Cada vez gosto mais
De sentir a paz de um momento

Cada vez gosto mais
De ouvir o canto de um pardal

Cada vez gosto mais
De me ouvir falar ao entardecer

Cada vez gosto mais
De gostar destes momentos de pausa

Cada vez gosto menos...
De não me dedicar mais ao que
Cada vez gosto mais.

João P.
Maio 09

terça-feira, 12 de maio de 2009

804 - Na terra dos sonhos



Não estou com o meu "best mood"...

Serve isto para dizer que, por estes dias, me sinto cansado dos papeis que me mandam representar: Seja do professor obedientezinho, seja do cidadão que não levanta ondas, seja do que aceita tudo de bom humor, seja do que tem que ter paciência para... seja do raio que parta!

Por estes dias quero ser eu, seja eu o que for
Por estes dias quero sonhar seja o meu sonho um pesadelo
Por estes dias quero ser outro seja o outro o que eu nunca pensei em ser
Por estes dias quero partir a louça toda mesmo que não haja louça para partir
Por estes dias quero pensar a preto mesmo que a realidade seja a cores...

Por estes dias...

João P.
Maio09



Na Terra dos Sonhos

Andava eu sem ter onde cair vivo
Fui procurar abrigo nas frases estudadas do senhor doutor
Ai de mim não era nada daquilo que eu queria
Ninguém se compreendia e eu vi que a coisa ia de mal a pior

Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar

Andava eu sózinho a tremer de frio
Fui procurar calor e ternura nos braços de uma mulher
Mas esqueci-me de lhe dar também um pouco de atenção
E a minha solidão não me largou da mão nem um minuto sequer

Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar

Se queres ver o Mundo inteiro à tua altura
Tens de olhar para fora, sem esqueceres que dentro é que é o teu lugar
E se às duas por três vires que perdeste o balanço
Não penses em descanso, está ao teu alcance, tens de o reencontrar

Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar

jorge Palma

sexta-feira, 8 de maio de 2009

801 - Caminhos de leitura





Hoje estive em Pombal para participar no VII Encontro de Literatura Infanto-Juvenil -"Caminhos de Leitura", promovido pela Biblioteca Municipal de Pombal.

A agenda de hoje era a seguinte:

10h00 - Caminhando na leitura...
Presidente e Vereador da Educação da Câmara Municipal de Pombal,
Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas

10h30 - ... do Carreirinho aos Caminhos...
Biblioteca Municipal de Pombal

11h30 - La lectura agomboladora o la lectura que agombola
Mercé Escardó i Bas (Espanha)

13h00 - A arte de bem comer... hora das migas...

14h30 - El arte de la lectura, un concepto estético
Samuel Alonso Omeñaca (Espanha)

15h30 - Escrever para os olhos
João Paulo Cotrim

16h30 - Diálogo de silencio con el espacio y el objeto..., después la palabra.
José António Portillo (Espanha)

17h30 - Caminhos que nos levam à arte de ler... siga as coordenadas...
Visita à exposição "Artefactos para contar e criar histórias"
Biblioteca Municipal e Centro Cultural


Não dei o tempo por mal entregue! Encheu-me as medidas a apresentação de Mercé Escardó i Bas (ver também aqui)

A sua apresentação andou à volta da importância do tempo do conto para as crianças e do uso dos livros ilustrados. Durante a apresentação contou-nos (à maneira de uma contadora de histórias) 12 contos infantis explorando os respectivos livros.

Confesso que me vieram as lágrimas aos olhos por 2 ou 3 vezes. Quem disse que as histórias para crianças eram só para crianças? Se forem boas histórias são histórias de pessoas, de afectos, de sentimentos, da vida. Essas, as boas, são para nós todos. Foi BELO... apenas isso!

---
Isto veio confirmar o que postei ontem e antes de ontem: Apesar de tudo o que fizeram aos professores, de facto, estes continuam a dar o litro para educar os nossos e os filhos dos outros.
Uma sociedade que maltrate os professores, irá sofrer muito no futuro!

terça-feira, 5 de maio de 2009

797 - Sim eu sei é muito polémico...





Porque o dia da mãe é quando um Homem quiser!

Confesso que, no geral, não gosto de dias de... (no geral...)
Esta ideia do dia disto e daquilo, comemorado a horas certas não me seduz... Então o Carnaval! alegria a horas e dias certos! não pega...

Também o dia da mãe, no geral, não é coisa que muito me entusiasme.

No entanto...

Ensinarás a voar...
Mas não voarão o teu voo.
Ensinarás a sonhar...
Mas não sonharão o teu sonho.
Ensinarás a viver...
Mas não viverão a tua vida.
Ensinarás a cantar...
Mas não cantarão a tua canção.
Ensinarás a pensar...
Mas não pensarão como tu.
Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem ou pensem...
Estará a semente do caminho ensinado e aprendido!
(Madre Teresa de Calcutá)


É isto que gosto de recordar da minha mãe. Por isso só hoje é que publico o post.
Deste dia da mãe, confesso, sou fã! No entanto, reconheço que quem fica de fora sofra um pouco...

Juro que li o texto abaixo há muitos anos e é assim que procuro ser pai... (procuro foi a palavra que usei...)


Teus filhos não são teus filhos.
São filhas e filhos da vida por si mesma.
Eles vêm através de ti mas não de ti,
E embora estejam contigo, não te pertencem.

Poderás dar-lhes teu amor,
mas não teus pensamentos,
pois eles têm seus próprios pensamentos.

Poderás acolher seus corpos mas não suas almas,
pois suas almas habitam a mansão do amanhã
que não podes visitar nem mesmo em sonhos.

Poderás tentar ser como eles,
Mas não tentes torná-los semelhantes a ti.
Pois a vida não para, nem se atrasa com o dia passado.

Tu és o arco pelo qual teus filhos,
como flechas vivas, são projectados.
O Arqueiro vê o alvo no caminho do infinito,
e ele te dá sua força para que
suas flechas voem celeres para longe.

Que tua firmeza pela mão do arqueiro
seja para a alegria.
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
ama o arco que permanece firme.


Autor Khalil Gibran
1883-1926

segunda-feira, 4 de maio de 2009

796 - Um Maio que seja um outro Maio

Na sequência do post 791- primeiro de Maio



Que força é essa?

Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Construir as cidades para os outros
Carregar pedras, desperdiçar
Muita força pra pouco dinheiro
Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Muita força pra pouco dinheiro

Que força é essa
que força é essa
que trazes nos braços
Que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo
Que te põe de bem com os outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo

Não me digas que não me compreendes
Quando os dias se tornam azedos
Não me digas que nunca sentiste
Uma força a crescer-te nos dedos
E uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compreendes

Que força é essa...

Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Construir as cidades para os outros
Carregar pedras, desperdiçar
Muita força pra pouco dinheiro
Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Muita força pra pouco dinheiro

Que força é essa...

Sérgio Godinho

domingo, 3 de maio de 2009

795 - Maio, mês das flores

Maio maduro Maio
Quem te pintou?



(Excertos de Rosas Vermelhas de Manuel Alegre - Ler o texto integral aqui)

"Nesse tempo o Sol nascia exactamente no meu quarto. Eu abria a janela. Em frente era o largo, a velha árvore do largo dos ciganos. Quando chegava o mês de Maio, eu abria a janela e ficava bêbado desse cheiro a fogueiras, carroças e ciganos. E respirava o ar de todas as viagens, da minha janela, capital do mundo, debruçado sobre o largo onde começavam todos os caminhos.

(Pausa minha para escrever que me entra pela janela um aroma intenso a flores...)
...

Por isso, em Maio de 1963, eu estava na cadeia, isto é, de certo modo, eu estava no meu posto.
No dia 12 não acordei com o beijo de minha mãe.

Porém, nessa manhã (não posso dizer ao certo porque não tinha relógio, mas talvez – quem sabe? -, às dez e um quarto, que foi a hora em que eu nasci), o carcereiro abriu a porta e entregou-me, já aberta, uma carta de minha mãe. E ao desdobrar as folhas que vinham dentro do sobrescrito violado, a pétala vermelha, duma rosa vermelha, caiu, como uma lágrima de sangue, no chão da minha cela."

sábado, 2 de maio de 2009

791 - Primeiro de Maio

Que força é essa?

Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Construir as cidades para os outros
Carregar pedras, desperdiçar
Muita força pra pouco dinheiro
Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Muita força pra pouco dinheiro

Que força é essa
que força é essa
que trazes nos braços
Que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo
Que te põe de bem com os outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo

Não me digas que não me compreendes
Quando os dias se tornam azedos
Não me digas que nunca sentiste
Uma força a crescer-te nos dedos
E uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compreendes

Que força é essa...

Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Construir as cidades para os outros
Carregar pedras, desperdiçar
Muita força pra pouco dinheiro
Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Muita força pra pouco dinheiro

Que força é essa...

Sérgio Godinho

---
(Ah, quando alguém vai a uma casa onde, por motivos vários, sabe que pode ser mal recebido mas insiste em ir. Se for mal recebido a culpa é de quem?)



1902 (da resiliência) - Do que um homem é capaz

Do que um homem é capaz? As coisas que ele faz Pra chegar aonde quer É capaz de dar a vida Pra levar de vencida Uma razão de viver A vida é ...