sábado, 30 de outubro de 2010

1203 - António Lobo Antunes

Mais um momento fabuloso com António Lobo Antunes no Jornal das nove de ontem

Desafio para adultos "muito sérios"

Regresso a este "cantinho da leitura" com um poema que descobri há uns tempos e me deixou maravilhada... (Pesquisei o autor, falecido recentemente, e verifiquei que não está traduzido em português. Que pena!)

Usted

Usted
que es una persona adulta
-y por lo tanto sensata,
madura, razonable,
con una gran experiencia
y que sabe muchas cosas,
¿qué quiere ser cuando sea
n i ñ o ?


Jairo Aníbal Niño

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

1202 - tinha graça se fosse anedota

Tinha graça se fosse anedota mas como não é, não haverá alguém que ponha em ordem este país?
Com este faz que anda mas não anda, os especuladores ganham e ganham e ganham o meu dinheiro!

Que é isto?

Um corte de 3% a 5% no meu salário para sempre e que influenciará a minha/nossa reforma não pode ser esbanjado com os especuladores. Demitam-se, entendam-se, mas não brinquem com coisas sérias e com o suor do rosto das pessoas que trabalham e não podem fugir aos impostos...

Estiveram a discutir 0,25 do pib que já hoje voou para os especuladores

São mesmo necessárias novas políticas e políticos... estes que dançam o tango e nos dão este triste fado estão a esticar a corda demais.

Arre, faz-me lembrar António Gedeão... A ver se se arranja um novo "barco/mestre" que este só ao fundo mesmo

Vou-me até à Outra Banda
No barquinho da carreira.
Faz que anda mas não anda;
Parece de brincadeira.
Pranta-se o homem no leme.
Tudo ginga, range e treme.
Bufa o vapor na caldeira.
Um menino solta um grito;
Assustou-se com o apito
Do barquinho da carreira.
Todo ancho, tremelica
Como um boneco de corda.
Nem sei se vai ou se fica.
Só se vê que tremelica
E oscila de borda a borda.

(António Gedeão)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

1201 - Vivaldi as 4 estações



Felizmente que de vez em quando há a possibilidade de um momento "zen" da semana (era bom que fosse do dia)...

Após um dia de trabalho e uma formação, eis que entro no carro pelas 9 da noite e começo a conduzir pela estrada deserta, num caminho de mais de uma hora até casa...
Coloco Vivaldi no leitor de CD e a magia acontece!

Aumento o volume ao limite possível e...
...
Deixo-me guiar
pela magia
Belo, simplesmente belo
...

Chego outro a casa

(seria tão bom morrer assim... a beleza, um embate... o silêncio... tudo muito rápido)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A POBREZA

de Pablo Neruda


Ay no quieres,
te asusta
la pobreza,

no quieres
ir con zapatos rotos al mercado
y volver con el viejo vestido.

Amor, no amamos,
como quieren los ricos,
la miseria. Nosotros
la extirparemos como diente maligno
que hasta ahora ha mordido el corazón del hombre.


Pero no quiero
que la temas.
Si llega por mi culpa a tu morada,
si la pobreza expulsa
tus zapatos dorados,
que no expulse tu risa que es el pan de mi vida.
Si no puedes pagar el alquiler
sal al trabajo con paso orgulloso,
y piensa, amor, que yo te estoy mirando
y somos juntos la mayor riqueza
que jamás se reunió sobre la tierra.


Ao ouvir n reportagens sobre o impacto que as medidas de austeridade vão ter na nossa sociedade, apeteceu-me partilhar este poema extraordinário de Pablo Neruda. Esperam-nos momentos difíceis para os quais a palavra SOLIDARIEDADE terá que ser palavra de ordem...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

1199- Mês das Bibliotecas Escolares

Eis como uma ideia simples pode ser eficaz e motivadora!!!

Afixar um paepl cenário com a frase "dá-nos uma boa razão para utilizar a Biblioteca" num corredor da escola. E não vi por lá dado nenhum uso "lateral"











quarta-feira, 20 de outubro de 2010

1198 - E no fazendo acontecendo, deixar ir o coração



Emigrantes de 4ª Dimensão

Dá-me uma ajuda, ó médico das almas
Para escolher em que combate combater
Quem condeno eu à vida
Quem condeno eu à morte
Que me podes tu dizer

Encostado à árvore do tempo
Folhas vivas, folhas mortas, estações
Nada disto faz sentido
E o sentido do sentido não paga as refeições

Este torpor só tem uma solução
Sejamos deuses, é meter as mãos à obra
E no fazendo acontecendo
Deixar ir o coração
Que é o que nos sobra

Ao fazer-se o mundo nasce de si próprio
Ser avô é uma alegria atravessada
Dá para rir e p’ra chorar
Não temos nada com isso
E nada não é nada

Disseste um dia que tudo vale a pena
Tornar as almas mais pequenas é que não
Vamos sobre as duas patas
Juntar as partes da antena
Espalhadas pelo chão

Fecha a porta que vem frio lá de fora
Diz o coxo ao despernado, e eu aqui
Fui à procura de mim
Encontrei-me mesmo agora
E ainda não fugi

O tempo corre por entre pívias e manhas
E tudo fica cada vez mais como está
Mas ao correr desta pena
Não fico à espera que venhas
Eu já sou o que virá

José Mário Branco

1197 - o sentido do sentido
























O sentido do sentido das coisas
As coisas sem sentido
Sentir as coisas que não fazem sentido

Ir na corrente sem sentido
Faz sentido ir na corrente do sentido?
Como parar uma corrente sem sentido?

As coisas, o sentido, a corrente...
faz sentido?

O sentido das coisas
É não terem sentido nenhum?
Só faz sentido fazer as coisas se tiverem sentido?

A toda a pressa para lado nenhum?

João P.
Out 2010

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Saberei viver sem navegar nas fortes correntes?
Haja ou não sentido?
Será que não será esse o sentido?

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P.S 1 - Mas uma coisa é certa - a viagem partilhada com outros companheiros faz muito mais sentido mesmo que não tenha sentido- No final da vida só o amor permanece)
P.S. 2 - o pior é mesmo nem estar no barco desgovernado (digo eu...)

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10 minutos depois

XXIX - Nem Sempre Sou Igual
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,

Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés —
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...


Álvaro de Campos

sábado, 16 de outubro de 2010

1196 - Para memória futura

1 - O resgate dos mineiros chilenos

Não pude deixar de ficar preso à televisão. O (re)nascimento daqueles 33 homens ligados à terra (vida) por um cordão umbilical que os alimentou desde Agosto e que agora reapareceram/nasceram/regressaram do túmulo de onde a mãe natureza nos costuma receber/abraçar no fim das nossas vidas!

Que celebração de vida, que magnífico é o ser humano quando decide empenhar-se a sério pelo outro!

Por estes dias sou chileno! (e mais humano também)

Obrigado Margarida Costa pelo link dos Sinais TSF. Tinha-me passado despercebido

2 - IV conferência do PNL e a homenagem a Matilde Rosa Araújo

Ontem passei pela Gulbenkian. Para além de alguns momentos muito agradáveis, comoveu-me a homenagem a Matilde Rosa Araújo. Simples, singela, como ela afinal o era. Foi passado um excerto do programa Clube de Leitura onde ela, quando entrevistada, disse mais ou menos isto
"vivi
Procurei fazê-lo de uma forma séria e honesta"

E não precisava de dizer mais nada!

Foi belo de mais para ter tempo de anotar/rabiscar no meu bloco toda a profundidade de pequenas frases



Tem sempre paciência para as pessoas?

Tenho. [Ri.] Elas é que podem não ter sempre paciência para mim. Às vezes chegam a ser menos amáveis...

Estão a perder a amabilidade?
Os adultos sim, não as crianças. Talvez por uma questão de defesa, de pouca disponibilidade, de impaciência. Esquecem com facilidade que problemas sempre houve, problemas de toda a ordem, de sentido de vida, de afectividade, de afirmação, de insegurança.

Hoje esses problemas são maiores?
Não sei. As pessoas estão é mais conscientes deles. Isso torna-as interiormente mais vulneráveis, mais crispadas. Sabem mais o que deviam ter e não têm. Não por ambição, mas por sentido de justiça. Hoje há mais consciência das injustiças do que havia no passado.

Apesar de elas serem, no passado, maiores?
Sim. Antes havia nas camadas populares mais conformismo.

Quando pensava no futuro, pensava que era este o futuro que ia ter?
Eu tinha uma ideia de futuro como o de uma época de entendimento, de equilíbrio, de alguma felicidade.

O que era alguma felicidade?
Era as pessoas poderem ser aquilo que são. Aquilo que podem ser, dentro dos seus sonhos, das suas generosidades.

Vê muitos sonhos, muitas generosidades à sua volta?
Vejo, tenho visto mesmo muito altruísmo. Chego a pensar: que sorte tive por ter vivido este tempo, já tão longo, que me coube. Que sorte tive por haver conhecido as pessoas que conheci. Pessoas que sentiram pela vida, e pelos outros, muito, muito amor.

Caso de...
Caso de uma Maria Lamas, de uma Irene Lisboa, de um Agostinho da Silva, de um Gomes Ferreira, de um Ferreira de Castro, de um Assis Esperança, de um Cochofel, de uma Vergínia Lopes de Mendonça, de um Manuel da Fonseca, de um Sidónio Muralha, de um Ruy Cinatti, de tantos, oh, tantos outros!

Solidão, tem?
Todos temos. Precisamos é de aprender a dar golpes de rins para lhe escapar, para a enfrentar. A solidão acompanha-nos pela vida fora, faz parte de nós, tão profundamente que não existe, não existe uma verdadeira solidão...

O contrário também é verdade!
Também. Mas eu nunca me senti muito isolada. Sempre tive o afecto das crianças e dos amigos, e quando se tem afecto o resto torna-se secundário.

As crianças sofrem muito de solidão?
Muito. Há imensas crianças abandonadas, desprezadas...

Por que será que as tratamos tão mal?
Não sei. Somos de costumes brandos para todos menos para elas. Será por serem um desperdício, por virem sem ser desejadas, por terem o tempo que nós já não temos?
Talvez. Elas não são vistas como seres autónomos. Desde pequeninas que procuramos deformá-las, desde pequeninas que elas ouvem dizer: “Cresce e aparece, já a formiga tem catarro...”

E isso afecta-as?
Pois afecta. É horrível!

Dá muita importância ao passado?
Dou. É o meu património interior. Graças a ele atingi uma certa serenidade. Há mesmo coisas dele que me custaria muito perder...

Por exemplo?
Por exemplo, a nossa língua, a nossa literatura.

Receia pelo seu futuro?
Um pouco. Algumas línguas, algumas literaturas estrangeiras estão a exercer uma influência muito negativa sobre elas. Vamos a ver se resistem. Felizmente que os brasileiros estão a fazer força na sua defesa e na sua expansão.

Nunca se achou vítima, mal amada...?
Não, pelo contrário. Não conservo memória de mágoa de coisa nenhuma. Como se houvesse dentro de mim um mecanismo que o impedisse. Ninguém recebe aquilo que não dá.

Está mais do lado de dar do que do receber, como dizia Agostinho da Silva?
Oh, o nosso Agostinho! Esse sim, esse esteve sempre do lado de dar. Escrever e ensinar são a minha maneira de o fazer. O que é curioso é que quando comecei a ensinar não queria ser professora. Apetecia-me era continuar na faculdade, era tudo tão bom lá, os professores, os colegas, o Mário Soares, a Maria Barroso, a Maria Judite de Carvalho, a Luísa Dacosta, o Sebastião da Gama, o Lindley Cintra, o Urbano, o David, a Lurdes Belchior, o Joel Serrão, a Natércia Rocha, o Eurico Lisboa foram meus colegas. Sou uma espécie de dinossauro de uma geração.

Uma geração de notáveis...
Sim. Foi um tempo muito feliz, esse. Eu estudava por prazer. Quem não se sentiria maravilhado com mestres como Delfim Santos, Hernâni Cidade, Jacinto Prado Coelho, Vitorino Nemésio? Hoje a meta é tirar cursos, ter canudos que garantam empregos.

Já não garantem...
Pois não. Quando acabei Românicas pôs-se-me o problema do que fazer. Colocaram-me então numa escola técnica a dar Geografia Económica. Envergonhada e aflita por não saber nada da matéria, pus-me a estudá-la. Lá reagi. Nunca desisto, nunca tive tendências suicidas.

Nunca?
Não. Tenho muita pena que existam condições que propiciem o suicídio, cargas que o provoquem. É um gesto que respeito, às vezes é uma libertação. Preferia, no entanto, que todos conseguissem amar a vida.

Esteve muito tempo em escolas técnicas?
Eu estive sempre em escolas técnicas, por todo o país. Fui para a província, logo após o estágio, e por lá andei muitos anos, como uma nau Catrineta, de terra em terra, Almada, Barreiro, Elvas, Portalegre, em Portalegre conheci o José Régio, dava aulas no liceu, foi maravilhoso tê-lo encontrado.

Diziam que era uma pessoa um bocado complicada...
Pois diziam. Mas para mim não, para mim foi sempre muito generoso, demo-nos sempre muito bem. Depois do Alentejo fui para o Norte, para o Porto. A seguir ao 25 de Abril colocaram-me na Escola do Magistério Primário de Lisboa a dar aulas de Literatura Infantil aos professores.

Foi uma promoção?
Creio que não. Creio que se tratou apenas de uma mudança surgida na sequência da criação dessa cadeira. Foi a Dulce Rebelo e eu que fizemos o programa da disciplina.

Ah, é devido a si que as pobres das criancinhas têm de gramar as estuchas literárias que lhes dão...
Engana-se redondamente! Redondamente! Elas aceitam muito bem, muitíssimo bem a literatura. Em França, na Espanha, na Inglaterra, passa-se o mesmo. Os livros para as crianças e jovens são, não o esqueçamos, cada vez mais interessantes, mais variados. Alguns professores têm desenvolvido um trabalho de sensibilização para a leitura deveras notável. Trabalho que já vem de trás, que tem raízes profundas. O António Sérgio, o Jaime Cortezão, o Aquilino, a Ana de Castro Osório dedicaram-lhe grande atenção. Sabiam que escrever para crianças não era escrever para leitores menores.E a Matilde, como começou?
A escrever? Comecei sem dar por isso. O contacto com as pessoas dos locais por onde andava fez-me apetecer ficcionar sobre elas.

Não era duro para uma jovem ser atirada, assim, sem condições, de terra para terra?
Era, era muito duro esse flutuar ora pelas planícies, ora pelas serras, de quarto alugado em quarto alugado...

Gostava de viver em quartos alugados?
Gostei. Eu vinha, porém, muitas vezes a Lisboa, para estar com os meus, conviver com os amigos. Um dos meus pequenos prazeres era andar de eléctrico. O eléctrico é um transporte muito simpático! É estável, é lento, é alegre. Conheci muita gente, ouvi muitas confidências nessas deambulações. Hoje quase não existem. Lisboa perdeu qualidade de vida, está uma cidade agressiva. Mas continuo a gostar dela. Continuo a gostar dos cafés que ainda existem, dos teatros, sempre amei o teatro. Fiz até bastante teatro na faculdade.

Escreveu?
Não, não, representei. Representei inclusive no Parque Mayer...

Andou a dar à perna no Parque Mayer?!
Ah, ah! Foi uma revista que fizemos lá. Era uma alegria. Representámos Molière, Torga, o David Mourão Ferreira também entrava. Essas experiências foram muito enriquecedoras. Se as não tivesse vivido, talvez não me tivesse encontrado. Nem escrito. Um dia dei comigo a redigir poemas. Fiquei surpresa. Quando vim a Lisboa, mostrei-os à Maria Lúcia Namorado, que dirigia então a revista “Os Nossos Filhos”. Ela publicou-os em livro, com a chancela da revista, ilustrados por crianças. O Calvet de Magalhães, o professor, ajudou no grafismo. Mais tarde, o Lopes Graça musicou os versos. Gostei muito dessa experiência, deu-me uma grande alegria. Deu-me também uma grande alegria a tese que fiz sobre jornalismo. Lamentavelmente perdi-a. Deve haver um exemplar na Biblioteca Nacional. Comecei pelo Fernão Mendes Pinto, pelo Fernão Lopes, por esses grandes cronistas repórteres. Fi-la com muito entusiasmo. Aliás, o jornalismo interessou-me primeiro que a literatura infantil. Colaborei muito em jornais e revistas.

E já não colabora?
Não. A imprensa tinha um papel muito importante a cumprir. Não devia limitar-se a ser, como sucede actualmente, um mero reflexo do que acontece. Devia ir mais longe, mais fundo, ser mais rica, sobretudo a televisão, para valorizar o público. Público infantil e não infantil. Ninguém vive separado do meio que o rodeia. Ninguém vive longe das palavras, dos gestos, das pressas, da poluição, da violência que existem à sua volta. Como não vive, acaba por confundir, às vezes de forma trágica, a realidade e a ficção. Com as crianças passa-se muito isso, não por menoridade, mas por excesso de imaginação. Por necessidade de sonho, de poesia. A poesia é muito necessária à criança, está-lhe muito presente. Ela tem uma linguagem muito poética, diz coisas maravilhosas sem ter consciência de que as diz.

O regime, a censura, a polícia, essas coisas todas não lhe saíram ao caminho?
Directamente, não. Eu fui sempre dizendo o que sentia de uma maneira honesta, suave, não agressiva. Por outro lado, a literatura infantil era pouco considerada, pouco importante para o poder. Houve sempre, continua a haver, preconceitos em relação a ela. O horrível surgiu quando a PIDE assaltou e fechou a Sociedade Portuguesa de Escritores, a cuja direcção eu pertencia, por termos dado o prémio ao Luandino Vieira. Estragaram a sede que tínhamos na Rua da Escola Politécnica.Fazia militância política?
Militância política? Prefiro chamar-lhe participação política. Não possuía resistência para ir além disso...

Para ir além disso é preciso ter ressentimento?
Não necessariamente. Sou, aliás, incapaz de guardar ressentimentos.

Quer dizer que se o Salazar a convidasse para tomar chá...
Tomar chá?! Não ia!

Não ia? Mas diz-se que ele era uma pessoa encantadora...
Ah, ah! Não ia. Achava que ele se tinha enganado. Dizia-lho e não ia.

Dizia?
Dizia. Tinha a lealdade de lho dizer.

Dá-se bem com políticos?
Se são amigos pessoais, dou.

Mas não é uma entusiástica do poder...
Não, não sou. Nunca quis o poder. Nem dentro dos meus pequenos círculos. Já dá tanto trabalho mandarmos em nós próprios, quanto mais nos outros.

Por que se fartou da província?
Não fartei nada, que ideia! Efectivei-me e fui mandada para Lisboa. Eu era mandada, era um soldado...

Ora, com o prestígio que tinha facilmente arranjava cunhas para a colocarem onde quisesse.
Não é verdade. Eu não podia interferir nessas decisões.

Nunca teve alunos que se rebelaram contra si?
Contra mim? Não dei por isso!

Continua a ir todos os dias à escola?
Não. Agora vou só duas vezes por semana. Dou aulas a professores e educadores no Jardim-Escola João de Deus. Aulas de Literatura para a Infância e Juventude. Vou também muito a outras escolas falar de literatura, faço conferências, colóquios, essas coisas.

Os alunos gostam?
Gostam. As pessoas de uma maneira geral, e ao contrário do que se diz, gostam de ler, gostam de livros, gostam de conversar sobre livros.

A ideia de que se lê menos não corresponde, então, à verdade?
Corresponde só até certo ponto. Desde que sejam motivadas, as pessoas lêem. A leitura é uma troca de afectos... eu comecei a ler desde muito nova. A ler tudo. E compreendia tudo. Sempre tive, aliás, sensação de ser mais velha do que era. Mesmo em pequena. Às vezes fico com a sensação de que nunca fui criança. De não ter memória de criança.

Não foi feliz em criança?
Fui, fui até muito feliz. Mas tive sempre a ideia de ter esta idade. Talvez por isso encarei, desde jovem, o envelhecimento com serenidade, como um percurso a fazer amenamente. Desejava era não perder faculdades, estar plenamente viva enquanto viva. O trágico é que nós não somos preparados, não nos preparamos para essa caminhada. Pelo contrário, fugimos dela, recusamo-la, enaltecemos pateticamente o efémero...

A moda, a publicidade são terríveis nisso...
Pois são. Criam muito medo, muita violência nas pessoas. Medo delas próprias e dos outros. De que os outros não as aceitem.

E aceitam?
Por vezes não. O julgamento dos outros é, sob esse aspecto, cruel, muitíssimo cruel. Preocupei-me sempre em abordar o fenómeno do envelhecimento nos meus livros. As crianças precisam de o encarar com naturalidade, precisam de não ter receio do tempo. E à partida não têm. Veja-se a relação privilegiada que existe entre as crianças e os avós. É preciso preservá-la, recuperá-la. O prof. João dos Santos dizia que o homem é a sua infância. Foi ele, aliás, que inspirou a criação do Instituto de Apoio à Criança, presidido pela Manuela Eanes, onde se desenvolve um trabalho muito sério. Eu própria colaborei no seu lançamento. É uma pena não se poder fazer mais neste campo.As crianças não votam...
Pois não. Só de dedinho no ar! Também se votassem já não eram crianças. Mas olhe que elas sabem bem o que querem.

São manhosas, não?
Ah, ah! Algumas são bem manhosas, de facto. São tão engraçadas com os seus subterfúgios. Com as suas argúcias, os seus mistérios. No outro dia, a neta da Maria Alberta Menéres disse-nos: “A vida está mal feita. Devia ser ao contrário. As pessoas deviam nascer velhinhas, muito velhinhas, depois ficavam novas, cada vez mais novas até que se metiam outra vez na barriga das mães.” Não é tão bonito?

Gostava que fosse assim?
Penso que não. Se fosse assim, já sabíamos tudo à partida, não fazia sentido viver. Era como ver um filme ao contrário, ler um livro do fim para o princípio. É tudo tão complicado, tão contraditório. Daí que seja cada vez mais necessário encontrar o outro lado, o lado bom das coisas, das pessoas.

Para não desanimar?
Sim. Desde cedo aprendi a não desanimar, a contar comigo, a ir andando, a não fugir, apesar das fraquezas todas.

Tem crenças religiosas?
É difícil responder. Há uma coisa de que estou certa: tenho uma religiosidade da vida. Tenho um desejo profundo de que haja algum sentido nela. Por isso admiro muito os que têm certezas e lutam por elas, com fidelidade, com honestidade.

Em qualquer campo?
Sim, em qualquer campo. Queria muito acreditar que a vida evolui, que não é em vão que as coisas sucedem, que não foi em vão que vi, que vivi tanta coisa. Que sofremos todos tanta coisa.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

1195 - Me ensina a não andar com os pés no chão



Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro paí­s
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha
Será que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida


Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz


Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

1194 - Aventuras de um gato II

Leituras de verão I


Finalmente um tempinho para referir as minhas leituras de Verão...

Começo por este que é fora do comum. Trata-se de organizar a poesia e alguns textos de Fernando Pessoa e dar-lhes uma sequência lógica (segundo organizador Luis Ruffato) de acordo com algumas temáticas

Lê-se num ápice e Ficamos a conhecer muito melhor Fernando Pessoa

"Cumpre-me agora dizer que espécie de homem sou.

Não importa o meu nome, nem quaisquer outros pormenores externos que me digam respeito. É acerca do meu carácter que se impõe dizer algo.

Toda a constituição do meu espírito é de hesitação e dúvida. Para mim, nada é nem pode ser positivo; todas as coisas oscilam em torno de mim, e eu com elas, incerto para mim próprio. Tudo para mim é incoerência e mutação. Tudo é mistério, e tudo é prenhe de significado. Todas as coisas são «desconhecidas», símbolos do Desconhecido. O resultado é horror, mistério, um medo por demais inteligente.

Pelas minhas tendências naturais, pelas circunstâncias que rodearam o alvor da minha vida, pela influência dos estudos feitos sob o seu impulso (estas mesmas tendências) — por tudo isto o meu carácter é do género interior, autocêntrico, mudo, não auto-suficiente mas perdido em si próprio. Toda a minha vida tem sido de passividade e sonho. Todo o meu carácter consiste no ódio, no horror da e na incapacidade que impregna tudo aquilo que sou, física e mentalmente, para actos decisivos, para pensamentos definidos. Jamais tive uma decisão nascida do auto-domínio, jamais traí externamente uma vontade consciente. Os meus escritos, todos eles ficaram por acabar; sempre se interpunham novos pensamentos, extraordinárias, inexpulsáveis associações de ideias cujo termo era o infinito. Não posso evitar o ódio que os meus pensamentos têm a acabar seja o que for; uma coisa simples suscita dez mil pensamentos, e destes dez mil pensamentos brotam dez mil inter-associacões, e não tenho força de vontade para os eliminar ou deter, nem para os reunir num só pensamento central em que se percam os pormenores sem importância mas a eles associados. Perpassam dentro de mim; não são pensamentos meus, mas sim pensamentos que passam através de mim. Não pondero, sonho; não estou inspirado, deliro. Sei pintar mas nunca pintei, sei compor música, mas nunca compus. Estranhas concepções em três artes, belos voos de imaginação acariciam-me o cérebro; mas deixo-os ali dormitar até que morrem, pois falta-me poder para lhes dar corpo, para os converter em coisas do mundo externo.

O meu carácter é tal que detesto o começo e o fim das coisas, pois são pontos definidos. Aflige-me a ideia de se encontrar uma solução para os mais altos, mais nobres, problemas da ciência, da filosofia; a ideia que algo possa ser determinado por Deus ou pelo mundo enche-me de horror. Que as coisas mais momentosas se concretizem, que um dia os homens venham todos a ser felizes, que se encontre uma solução para os males da sociedade, mesmo na sua concepção — enfurece-me. E, contudo, não sou mau nem cruel; sou louco, e isso duma forma difícil de conceber.

Embora tenha sido leitor voraz e ardente, não me lembro de qualquer livro que haja lido, em tal grau eram as minhas leituras estados do meu próprio espírito, sonhos meus — mais, provocações de sonhos. A minha própria recordação de acontecimentos, de coisas externas, é vaga, mais do que incoerente. Estremeço ao pensar quão pouco resta no meu espírito do que foi a minha vida passada. Eu, um homem convicto de que hoje é um sonho, sou menos do que uma coisa de hoje."

1910?

Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.

- 17.

Trad: Jorge Rosa

1193 - Leituras de verão I


Finalmente um tempinho para referir as minhas leituras de Verão...

Começo por este que é fora do comum. Trata-se de organizar a poesia e alguns textos de Fernando Pessoa e dar-lhes uma sequência lógica (segundo organizador Luis Ruffato) de acordo com algumas temáticas

Lê-se num ápice e Ficamos a conhecer muito melhor Fernando Pessoa

"Cumpre-me agora dizer que espécie de homem sou.

Não importa o meu nome, nem quaisquer outros pormenores externos que me digam respeito. É acerca do meu carácter que se impõe dizer algo.

Toda a constituição do meu espírito é de hesitação e dúvida. Para mim, nada é nem pode ser positivo; todas as coisas oscilam em torno de mim, e eu com elas, incerto para mim próprio. Tudo para mim é incoerência e mutação. Tudo é mistério, e tudo é prenhe de significado. Todas as coisas são «desconhecidas», símbolos do Desconhecido. O resultado é horror, mistério, um medo por demais inteligente.

Pelas minhas tendências naturais, pelas circunstâncias que rodearam o alvor da minha vida, pela influência dos estudos feitos sob o seu impulso (estas mesmas tendências) — por tudo isto o meu carácter é do género interior, autocêntrico, mudo, não auto-suficiente mas perdido em si próprio. Toda a minha vida tem sido de passividade e sonho. Todo o meu carácter consiste no ódio, no horror da e na incapacidade que impregna tudo aquilo que sou, física e mentalmente, para actos decisivos, para pensamentos definidos. Jamais tive uma decisão nascida do auto-domínio, jamais traí externamente uma vontade consciente. Os meus escritos, todos eles ficaram por acabar; sempre se interpunham novos pensamentos, extraordinárias, inexpulsáveis associações de ideias cujo termo era o infinito. Não posso evitar o ódio que os meus pensamentos têm a acabar seja o que for; uma coisa simples suscita dez mil pensamentos, e destes dez mil pensamentos brotam dez mil inter-associacões, e não tenho força de vontade para os eliminar ou deter, nem para os reunir num só pensamento central em que se percam os pormenores sem importância mas a eles associados. Perpassam dentro de mim; não são pensamentos meus, mas sim pensamentos que passam através de mim. Não pondero, sonho; não estou inspirado, deliro. Sei pintar mas nunca pintei, sei compor música, mas nunca compus. Estranhas concepções em três artes, belos voos de imaginação acariciam-me o cérebro; mas deixo-os ali dormitar até que morrem, pois falta-me poder para lhes dar corpo, para os converter em coisas do mundo externo.

O meu carácter é tal que detesto o começo e o fim das coisas, pois são pontos definidos. Aflige-me a ideia de se encontrar uma solução para os mais altos, mais nobres, problemas da ciência, da filosofia; a ideia que algo possa ser determinado por Deus ou pelo mundo enche-me de horror. Que as coisas mais momentosas se concretizem, que um dia os homens venham todos a ser felizes, que se encontre uma solução para os males da sociedade, mesmo na sua concepção — enfurece-me. E, contudo, não sou mau nem cruel; sou louco, e isso duma forma difícil de conceber.

Embora tenha sido leitor voraz e ardente, não me lembro de qualquer livro que haja lido, em tal grau eram as minhas leituras estados do meu próprio espírito, sonhos meus — mais, provocações de sonhos. A minha própria recordação de acontecimentos, de coisas externas, é vaga, mais do que incoerente. Estremeço ao pensar quão pouco resta no meu espírito do que foi a minha vida passada. Eu, um homem convicto de que hoje é um sonho, sou menos do que uma coisa de hoje."

1910?

Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.

- 17.

Trad: Jorge Rosa

domingo, 10 de outubro de 2010

1192 - Olhando a chuva



















Não, não é nostalgia!

apenas me soube bem
sentar-me no alpendre
respirar

respirar fundo

Estou vivo!
Tenho os sentidos apurados

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

1191 - Aos amigos e aos pequenos prazeres!


Será que tudo depende dos óculos de colocamos?

a) Hoje encontrei um ex aluno do ano passado. Encontro quente a amistoso. Falou-me do desalento de eu não ser o seu professor este ano... Que emoção tive por dentro. Tantas e tantas vezes vejo é desalento e o ar de "oh... lá vem este dar-nos aulas..."
fui o mais caloroso que pude...
b) na sal de alunos vejo uma aluna e esta interroga-me sobre se é já para ir para a aula. Vê-se que a deseja... Digo-lhe que falta um niquito.
Uma colega observa a cena e comenta comigo. Diz-me que devo guardar estes momentos no coração. Comovo-me mas não mostro. Mal sabe ela como isto me fez bem
c) tenho recebido apoios inesperados e que não esperam retribuição no que se refere à minha tese. Que bom!
d) A natação está a fazer-me tão bem...
e) a visita ao museu de arte antiga, um destes dias, para ver as tapeçarias de Pastrana encheu-me as medidas
f) o passeio em família pela baixa na noite de 4 de Outubro para as comemorações foi quente. A noite estava óptima e foi bom sentir a baixa com gente e com cafés abertos. Aroma de liberdade e algo de conquista
g) hoje dei duas aulas fantásticas...

Não, não sou do rock nem do blues, nem estou nada certo de ter escolhido a estrada certa, mas tenho gente que comigo caminha (logo não posso estar tão errado assim!). Menos mal

Poderia ter sido
Outra coisa qualquer
De canudo erguido
Vocês sabem como é.

Havia planos para tal
Dentro e fora de casa
Ser um tipo formal
Nos braços da namorada.

Eu escolhi a estrada certa
Rumo ao norte, rumo ao sul.

O que vale, vale a pena
Sou do rock, sou do blues.

Tapar os olhos e os ouvidos
Ter sucesso e casar
Ser feliz no meu abrigo
E deixar a vida passar.

Mas por esse caminho
Estranho a felicidade
Que envelhece os meus amigos
E os cerca de ansiedade.

Eu escolhi a estrada certa
Rumo ao norte, rumo ao sul

O que vale, vale a pena
Sou do rock, sou do blues.

(Solo)

No começo da corrida
Nunca soube onde ia dar
Não fiz planos, nem sabia
Só canções para cantar.

Eu escolhi a estrada certa
Rumo ao norte, rumo ao sul

O que vale, vale a pena
Sou do rock, sou do blues.

Eu escolhi a estrada certa
Rumo ao norte, rumo ao sul

O que vale, vale a pena
Sou do rock, sou do blues.

António Manuel Ribeiro


1190 - 5 de Outubro de 2010

Que diabo, ontem parecia-me mal! Sempre são 100 Anos
























Cartoon daqui



Poemarma

Que o poema tenha rodas motores alavancas
que seja máquina espectáculo cinema.
Que diga à estátua: sai do caminho que atravancas.
Que seja um autocarro em forma de poema.

Que o poema cante no cimo das chaminés
que se levante e faça o pino em cada praça
que diga quem eu sou e quem tu és
que não seja só mais um que passa.

Que o poema esprema a gema do seu tema
e seja apenas um teorema com dois braços.
Que o poema invente um novo estratagema
para escapar a quem lhe segue os passos.

Que o poema corra salte pule
que seja pulga e faça cócegas ao burguês
que o poema se vista subversivo de ganga azul
e vá explicar numa parede alguns porquês

Que o poema se meta nos anúncios das cidades
que seja seta sinalização radar
que o poema cante em todas as idades
(que lindo!) no presente e no futuro o verbo amar.

Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.

Que o poema seja encontro onde era despedida.
Que participe. Comunique. E destrua
para sempre a distância entre a arte e a vida.
Que salte do papel para a página da rua
.
Que seja experimentado muito mais que experimental
que tenha ideias sim mas também pernas
E até se partir uma não faz mal:
antes de muletas que de asas eternas .

Que o poema fique. E que ficando se aplique
A não criar barriga a não usar chinelos.
Que o poema seja um novo Infante Henrique
Voltado para dentro. E sem castelos.

Que o poema vista de domingo cada dia
e atire foguetes para dentro do quotidiano.
Que o poema vista a prosa de poesia
ao menos uma vez em cada ano.

Que o poema faça um poeta de cada
funcionário já farto de funcionar.
Ah que de novo acorde no lusíada
a saudade do novo o desejo de achar.

Que o poema diga o que é preciso
que chegue disfarçado ao pé de ti
e aponte a terra que tu pisas e eu piso.
E que o poema diga: o longe é aqui.

Manuel Alegre

terça-feira, 5 de outubro de 2010

1189 - Lentamente...


Lentamente as coisas começam a recompor-se e novos desafios surgem.

- Finalmente hoje houve tempo para acabar o telheiro (com as respectivas pinturas e arrumações)
- Finalmente houve tempo para arrumar uns papéis teimosos
- Finalmente comecei a organizar-me face às novas propostas/desafios:

a) retomei a tese (finalmente) passados estes anos
b) aceitei novo convite de trabalho e já arranjei espaço para os papéis...

Vamos em frente, signifiquei isso o que significar... Um "chutar"para a frente ou novos caminhos...

Como eu sempre disse que o melhor estava para vir e me quero manter fiel ao princípio...

(Ainda ouço a voz... voa rapaz voa! esquece a mediocridade)

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Será que é Outono ou Primavera?

"O outono (AO 1945: Outono) é a estação do ano que sucede ao Verão e antecede o Inverno. É caracterizado por queda na temperatura , (excepto nas regiões próximas ao equador) e pelo amarelar das folhas das árvores, que indica a passagem de estações.

O Outono do hemisfério norte é chamado de "Outono boreal", e o do hemisfério sul é chamado de "Outono austral". O "Outono boreal" tem início, no Hemisfério Norte, a 22 ou 23 de Setembro e termina a 21 ou 22 de Dezembro. O "Outono austral" tem início, no Hemisfério Sul, a 20 de Março e termina a 20 ou 21 de Junho." (da wikipedia)

sábado, 2 de outubro de 2010

1185 - Dar valor a um por do sol

Os dias vão ficando mais curtos... A noite aproxima-se...

Após ver o fabuloso vídeo abaixo passei a valorizar muito mais o pôr do Sol. Vou, seguramente, tomar mais atenção ao próximo e sorve-lo muito lentamente...

Menos mal! ainda nos restou isto neste país à beira mal plantado!

The Last Sun from Daniel Kuipers on Vimeo.

Duration - 4:38

A local Norwegian girl rides her dog sled to a vantage point from where she can observe the last sunset of the year, before the winter darkness reigns.

Production filmed with Canon 7D on location in Northern Norway. Tromsø area. Dogs and dogsled provided by Tromsø Villmarkssenter.

Aurora timelapse with Canon 16-35 f/2.8 L USM.
F2.8, shutter 5 sec., ISO 800. temperature -20'C :-)

1902 (da resiliência) - Do que um homem é capaz

Do que um homem é capaz? As coisas que ele faz Pra chegar aonde quer É capaz de dar a vida Pra levar de vencida Uma razão de viver A vida é ...