segunda-feira, 9 de outubro de 2017

1853 - (Da cidadania) A poesia não vai à missa,

A poesia não vai à missa, 
não obedece ao sino da paróquia,
prefere atiçar os seus cães
às pernas de deus e dos cobradores
de impostos.
Língua de fogo do não,
caminho estreito
e surdo da abdicação, a poesia
é uma espécie de animal
no escuro recusando a mão 
que o chama.
Animal solitário, às vezes 
irónico, às vezes amável,
quase sempre paciente e sem piedade.
A poesia adora
andar descalça nas areias do Verão.




Eugénio de Andrade

1902 (da resiliência) - Do que um homem é capaz

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