domingo, 24 de maio de 2009

817 - A pausa



Precisei de parar!

Por estes dias,uma enorme sobrecarga de trabalho levou-me a uma saturação. Não era de férias que precisava, mas apenas de não pensar em nada.

Desligar...

Nem pensar sequer em abrir o P.C...

Dormir apenas...

O Lázaro

O Lázaro sou eu, não foi o outro,
O das migalhas e das chagas podres.
O Lázaro sou eu, aqui sentado
À mesa do Vice-Rei
A mastigar com nojo estes faizões!...
Sou eu, vestido de holanda,
A pregar a nudez que sempre usei
Nas grandes ocasiões!...

Sou eu, nado e criado para amar,
e que não sei amar!
Sou eu, que disse não e me perdi!
Que vi Deus e nunca acreditei!
Que vi a estrada impedida
E passei!...

Sou eu, que não sou feliz no Céu nem no Inferno,
porque no Céu há paz, e no Inferno há guerra,
e a minha Paz é outra, e a minha Guerra é outra...
Sou eu, tão Grande e Pequeno
que nem sirvo para grão
da parábola da mostarda!
Sou eu, que há vinte e sete anos
Vivo sem Anjo da Guarda!

Sou eu, que ou tudo ou nada, ou Vida ou Morte,
E acerto sempre na Morte!
Que espeto sempre o punhal
Onde não quero ferir!...
Que sou assim, às cegas e às golfadas,
como as dores abençoadas
de parir!

Sou eu, que me disse adeus
E fiquei à minha espera!...
E que naquela manhã de ano bissexto
- que podia ter sol e teve chuva –
recebi nestes meus braços
o esqueleto verdadeiro
da saudade amargurada
de quem não tem ausentes nem distâncias!

Sou eu, o louco sem asas
Que se lança aos abismos a cantar
A Canção do Inocente...
E que do fundo desse sonho novo
Atira a praga
Que o traga
àquela redentora incompreensão
do seu povo!...

Sou eu – e mostro-me todo!
Quem puder, arranque os olhos
e venha cheio de Fé
ver o Lázaro real
que não vem nos Evangelhos,
mas é!...

Miguel Torga
in “O outro Livro de Job”



Mas eis que hoje estive na inauguração da Biblioteca Municiapl José Saramago no Feijó

Soube-me muitíssimo bem!
Soube ainda melhor rever amigos! um pouco de má língua pois! e sobretudo perceber que as minhas intuições sobre certas pessoas e ambientes são comuns.

Menos mal

Afinal o problema nem era nosso, era do Outro! e é tão bom saber que, sem que tenhamos condicionado o raciocínio (pois nunca tínhamos dito uma palavra sobre o assunto)ouçamos outros a caracterizar de igual forma pessoas e ambientes dos quais temos a nossa opinião.

Obrigado
É para isto que servem os amigos
É tão bom saber que há alguém que nos escuta e que até nos dá razão sem que tenhamos ido com a conversa do coitadinho!

Já me sinto bem melhor e pronto para mais uma semana de trabalho

Sem comentários:

Enviar um comentário

1902 (da resiliência) - Do que um homem é capaz

Do que um homem é capaz? As coisas que ele faz Pra chegar aonde quer É capaz de dar a vida Pra levar de vencida Uma razão de viver A vida é ...