sexta-feira, 18 de setembro de 2009

898 - Ah bom! menos mal



Contexto:
Cena familiar entre um pai, uma mãe e um filho de 14 anos

Acto 1:
A mãe: O rapaz já falou contigo?
O pai: ...
A mãe: É que o rapaz que usar a garagem para fazer uma banda!
O pai: Ah?!
A mãe: sim, uma banda... Vai pôr lá uma bateria e as violas. Esteve a falar comigo... Disse-lhe para falar contigo.

Acto 2:
O pai: então queres fazer uma banda?
O rapaz: Sim!
O pai: hum... e já tens o grupo?
O rapaz: quer dizer... somos só dois... Eu toco viola e o ... também. Falta arranjar alguém que toque bateria. Não conhecemos ninguém
O pai: Ah!

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E eis que o pai não morreu de susto e sobreviveu. Afinal o grupo são só dois que mal sabem tocar viola (o rapaz começou a aprender em Abril...)

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E pronto! cumpre-se a canção do Rui Veloso. Embora pessoalmente não guarde gratas recordações dos meus 14 anos. Ou melhor, de algumas vivências sim, das dúvidas e indecisões e da incerteza do futuro nadinha mesmo. não havia mesmo esterelas no céu e não me revejo na canção do "ai quem me dera ter outra vez vinte anos!"

Nao há estrelas no céu a dourar o meu caminho,
Por mais amigos que tenha sinto-me sempre sozinho.
De que vale ter a chave de casa para entrar,
Ter uma nota no bolso pr'a cigarros e bilhar?

A primavera da vida bonita de viver,
Tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover.
Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar,
Parece que o mundo inteiro se uniu pr'a me tramar!

Passo horas no café, sem saber para onde ir,
Tudo à volta é tão feio, só me apetece fugir.
Vejo-me à noite ao espelho, o corpo sempre a mudar,
De manhã ouço o conselho que o velho tem pr'a me dar.

Vou por ai às escondidas, a espreitar às janelas,
Perdido nas avenidas e achado nas vielas.
Mãe, o meu primeiro amor foi um trapézio sem rede,
Sai da frente por favor, estou entre a espada e a parede.

Não vês como isto duro, ser jovem não é um posto,
Ter de encarar o futuro com borbulhas no rosto.
Porque é que tudo é incerto, não pode ser sempre assim,
Se nao fosse o Rock and Roll, o que seria de mim?

Nao há estrelas no céu...

Carlos Tê

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