domingo, 13 de setembro de 2009

895 - Arranque do ano lectivo




Ontem fui a uma escola do centro do país falar a um grupo de professores. Gostei! não é uma questão de correr bem ou mal mas apenas de achar extremamente importante e interessante que a escola se organize e arranje tempo e espaço para reflectir sobre as suas práticas...
Esta sessão foi num momento bem importante pois as aulas estão prestes a começar e as pessoas ainda estão com cabeça para reflectir sobre as suas práticas.

Deixei-lhes os parabéns por isso.

Foi uma manhã bem interessante de reflexão sobre os objectivos da escola e sobre o que deverá ser a escola do Século XXI... As pessoas costumam estar tão fechadas sobre si próprias e disciplinas que leccionam que levá-los a reflectir sobre a floresta (ao inves da árvore) acaba por ser muito importante!

Pena foi que quatro anos de diabolização dos professores lhes faça criar anti corpos quando se reflecte sobre alguns domínios da profissão docente... Criaram-se anti-corpos e reflexos pavlovianos. Isto vai durar anos a superar!

Penso que correu muito bem e que ficaram despertos para pensar nas aulas que dão de uma outra forma!

Terminámos a sessão com a leitura de um poema brilhante do Ary que transcreverei no fim do post

Entretanto almocei na praia de Mira. Soube a fim de férias.

Esta ida à escola fez-me lembrar os conselhos de turma que tive na minha escola. É impressionante a quantidade de casos problemáticos com miúdos que irão/frequentam a minha escola e que exigem reflexão e respostas adequadas.
Há imensos casos de filhos de separados( e digo já que não tenho absolutamente nada contra as separações quando acaba o amor - nada mesmo). A questão é a forma como os adultos que se separam tratam dos miúdos... Ou deixam de lhes falar, ou estes são usados como armas de arremesso, ou deixam de pagar as despesas aos filhos, ou os deseducam com mimos exageradíssimos ou são deixados para segundo plano perante o(s) novo(s) filho (s) do novo casal. Depois há os casos de miúdos em que ambos os progenitores ficaram desempregados, os filhos de emigrantes ilegais, os abandonados à nascença, os com dificuldades sérias de aprendizagem...

Não me estou a queixar ou a desejar ficar só com os bonitinhos e educadinhos...
Constato é que ensinar estes meninos exige que a escola se organize de forma diferente do tradicional.
Constato é que é urgente, antes de mais, cuidar da pessoa antes de pensar em ensinar qualquer coisa.
Constato é que o trabalho coerente e em equipa urge.
Constato é que são necessárias novas políticas

Nunca me queixei dos desafios! gosto de encontrar respostas novas a problemas novos. Tal como disse aos professores daquela escola, a sociedade mudou muitíssimo desde que a geração dos 40/50 começou a ensinar. Manter velhas rotinas e hábitos significa não entender que não se está a preparar os meninos para a sociedade em que eles irão viver. Também importa ter muito presente que a escola para inclusiva e para todos tem que se organizar de uma forma diferente da escola elitista de há 40 anos!

É só. Vamos ver como conseguiremos chegar a estes alunos provenientes destas novas famílias...



Estudar é muito importante, mas pode-se estudar de várias maneiras...
Muitas vezes estudar não é só aprender o que vem nos livros.

Estudar não é só ler nos livros que há nas escolas.
É também aprender a ser livres, sem ideias tolas.

Ler um livro é muito importante, às vezes, urgente.
Mas os livros não são o bastante para a gente ser gente.

É preciso aprender a escrever,
mas também a viver,
mas também a sonhar.
É preciso aprender a crescer,
aprender a estudar.

Aprender a crescer quer dizer:
aprender a estudar, a conhecer os outros,
a ajudar os outros, a viver com os outros.

E quem aprende a viver com os outros
aprende sempre a viver bem consigo próprio.

Não merecer um castigo é estudar.
Estar contente consigo é estudar.
Aprender a terra, aprender o trigo
e ter um amigo também é estudar.

Estudar também é repartir,
também é saber dar
o que a gente souber dividir
para multiplicar.

Estudar é escrever um ditado sem ninguém nos ditar;
e se um erro nos for apontado
é sabê-lo emendar.

É preciso, em vez de um tinteiro,
ter uma cabeça que saiba pensar,
pois, na escola da vida,
primeiro está saber estudar.

Contar todas as papoilas de um trigal
é a mais linda conta de somar
que se pode fazer.

Dizer apenas música,
quando se ouve um pássaro,
pode ser a mais bela redacção do mundo…

estudar é muito...
mas pensar é tudo!


J. C. Ary dos Santos

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