terça-feira, 10 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

944 - De volta a Lisboa

Após dois meses de trabalho intenssíssimo as coisas voltam lentamente às rotinas. Continua um ritmo louco mas, pelo menos, já há paciência e lucidez para conceber um pause, ainda que pequena.

Retomei os passeios de sexta à tarde.

A tarde começou com a saída na estação do metro do terreiro do paço e com uma bica no Martinho da Arcada


Depois foi começar a subir a Mouraria. A próxima paragem foi na Sé e com o espanto da descoberta dos claustros da Sé. Simplesmente fabuloso! aquelas escavações que pôem a descoberto a Lisboa medieval, A Lisboa árabe, a Lisboa romana é, simplemente, impressionante. A quantidade de civilizações e gentes de aqui veveram antes de mim. Quantos sonhos e vidas por aqui passaram.



Depois, pela primeira, vez uma visita ao teatro romano! Conceber como teria sido a Lisboa de outras era é uma tarefa intressantíssima. Que surpresas nos reservará ainda a Lisboa subterrânea?


A paragem seguinte foi à porta da casa onde viveu Ary dos Santos. Daqui se entende todo o seu amor por Lisboa e a poesia que escreveu sobre ela. Como poderia ser outra coisa com a poesia a entrar pela janela dentro?



Por fim a chegada ao castelo e a maravilha das vistas e dos telhados vermelhos.



Dei de caras com o Ricardo Reis a abrir a janela de sua casa no Miradouro de Santa Catarina: " Ricardo Reis aproximou-se duma janela, através da vidraça sem cortina viu as palmeiras do largo, o Adamastor, os velhos sentados no banco, e o rio sujo de barro lá adiante, os barcos de guerra com a proa virada para terra, por eles não se sabe se a maré está a encher ou a vazar, demorando aqui um pouco logo veremos,[...] Ricardo Reis percorreu de novo toda a casa, não pensava, olhava apenas, depois foi à janela, a proa dos barcos estava virada para cima, para montante, sinal de que a maré descia. Os velhos continuavam sentados no mesmo banco."
(José Saramago: O ano da Morte de Ricardo Reis)

Então meu caro Ricardo Reis... Com que então fugiste do Hotel Bragança? Arranjaste-a bonita! algo andaste a tramar... Sim, vejo-te à janela da tua nova casa e imagino-te... não tens fuga. Razão tinha o Pimenta... Chamado à PVDE, boa rez não podes ser...
Eu vejo-te daqui, aceno-te. Será que me estás a ver?

Mais tarde, dei de caras com a Sophia num banco...

LISBOA

Digo:
"Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas -
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver

E não é que, mais tarde, na rádio se falava do nonagésimo aniversário de Sophia e se a ouvia em gravações antigas?

943 - Dia de aprendizagem




Hoje foi um dia de aprendizagem e de sensibilização para a protecção da Natureza e sustentabilidade do planeta terra.

Fomos de visita ao Oceanário e Museu do Conhecimento.
É de louvar a acção dos serviços educativos do Oceanário que têm sessões muito interessantes e bem pensadas com o objectivo de sensibilizar as novas gerações para a necessidade de adopção de atitudes que possam levar à sobrevivência do nosso planeta.

Foi um dia cheio de mensagens fortes e de grande aprendizagem sobre "sustentabilidade de planeta" e "diversidade das espécies". De facto, os miúdos de hoje já nada têm a ver com os miúdos de há 10 anos atrás

P.S.1 - É engraçado que só os dicionários de 2009 tenham a definição da palavra "sustentabilidade"

P.S.2 - Os miúdos portaram-me muito bem!

Agradecer e Abraçar
Maria Bethânia
Composição: Gerônimo / Vevé Calazans
Abraçei o mar na lua cheia
Abraçei o mar
Abraçei o mar na lua cheia
Abraçei o mar
Escolhi melhor os pensamentos, pensei
Abraçei o mar
É festa no céu é lua cheia, sonhei
Abraçei o mar
E na hora marcada
Dona alvorada chegou para se banhar
E nada pediu, cantou pra o mar (e nada pediu)
Conversou com mar (e nada pediu)
E o dia sorriu...
Uma dúzia de rosas, cheiro de alfazema
Presente eu fui levar
E nada pedi, entreguei ao mar (e nada pedi)
Me molhei no mar (e nada pedi) só agradeci

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

938 - Não foi nada que não esperasse




"Mas eu não tenho princípios. Hoje defendo uma coisa, amanhã outra. Mas não creio no que defendo hoje, nem amanhã terei fé no que defenderei. Brincar com as ideias e com os sentimentos pareceu-me sempre o destino supremamente belo. Tento realizá-lo quanto posso."

1914?
Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.
- 64.

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À bocado apetecia-me escrever algo diferente, agora relendo a pág 143 do "ano da Morte de Ricardo Reis" com este diálogo entre Fernando Pessoa e Ricardo Reis, fico-me por aqui.

No fim de contas, este por do sol já vem de há uns tempos atrás e já era esperado de há muito. São os ciclos da criação destruição/nascimento/morte.

Ficaremos à espera de nova vida

937 - segue o teu destino



Segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis

1903 - (da Resiliência) Crónica de um dia de praia

Decidi ir à praia à tarde. Chego à Costa de Caparica e ao parque de estacionamento. Vejo muitos carros a sair; fico satisfeito por pensar ...