terça-feira, 13 de outubro de 2009

917 - wish you were here



Cena familiar:

O meu mais novo, que descobre agora as músicas dos anos 60 e 70, pede-me discos dos Pink Floyd por causa "daquela" música...

(já há uns tempos me tinha pedido música dos Queen)

Intui que "aquela" música deveria ser o "another brick in the wall", mas dou-lhe também o "dark side..." e o "wish you were where"

Comentário dele perante o "wish you..."
"Eh pá, só cinco músicas... Devia ser do tempo em que as disquetes eram caras!"

Pois... do tempo das disquetes... Ui... já foi há tantos séculos...

Lembrei-me duma vez em que, na Biblioteca, disse a uma pequena, já não sei a propósito de quê, que quando eu nasci tinha acabado de ser inventada a roda.
Ela olhou para mim, num misto de incredibilidade e de me "medir" a ver se era possível... Talvez fosse...

Mal sabe ele que o disco é anterior ao tempo das disquetes (grandes de 5 e 1/4)

domingo, 11 de outubro de 2009

916 - Blackbird





Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise

Black bird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
all your life
you were only waiting for this moment to be free

Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.

Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.

Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise,
You were only waiting for this moment to arise,
You were only waiting for this moment to arise

Beatles

http://pt.wikipedia.org/wiki/Blackbird_(Beatles)

sábado, 10 de outubro de 2009

915 - É uma ela!




Na sequência do post 914

Afinal o melro é uma ela. Tem andado por aqui e não tem medo de nada. Pousa, dedica, saltita. Parece conviver bem connosco desde que seja à distância conveniente...


De perfil

De todas essas pedras, de todas,
uma só, onde passa o vento,
escolho para meu uso e alegria.

Eugénio de Andrade

---

Eu Tenho um Melro
Deolinda
Composição: Pedro da Silva Martins

Eu tenho um melro
que é um achado.
De dia dorme,
à noite come
e canta o fado.

E, lá no prédio,
ouvem cantar...
E já desconfiam
que escondo alguém
para não mostrar.

Eu tenho um melro,
lá no meu quarto.
Não anda à solta,
porque, se ele voa,
cai sobre os gatos.

Cortei-lhe as asas
para não voar.
E ele faz das penas
lindos poemas
para me embalar.

Melro, melrinho,
e se acaso alguém te agarrar,
diz que não andas sozinho
que és esperado no teu lar.

Melro, melrinho
e se, por acaso, alguém te prender,
não cantes mais o fadinho,
não me queiras ver sofrer.

E não voltes mais,
que estas janelas não as abro nunca mais.

Eu tenho um melro
que é um prodígio.
Não faz a barba,
não faz a cama,
descuida o ninho...

Mas canta o fado
como ninguém.
Até me gabo
que tenho um melro
que ninguém tem.

Eu tenho um melro...
(-Que é um homem!)
Não é um homem...
(-E quem há-de ser?!)
É das canoras aves
aquela que mais me quer.

(-Deve ser homem!)
Ah, pois que não!
(Então mulher…)
Há de lá ser!?
É só um melro
com quem dá gosto adormecer.

Melro, melrinho...[refrão]

E não voltes mais,
que a tua gaiola serve a outros animais.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

911 - É um pouco esquisofrénico eu sei...



Por estes dias vejo nublado à minha frente... Não são nada claras as opções futuras. Será que deveria apostar em algo diferente? Será que deveria deixar rolar e ver no que dá?

Parece-me perfeitamente estúpido deixar rolar, pois como diz a canção: "quem sabe faz a hora e não espera acontecer". Deverei seguir o conselho do pai? ou manter a lógica do filho que tudo quer e não o faz por menos?

"For you will still be here tomorrow, but your dreams may not."

Não sei... Por estes dias só vejo portas a fchar-se e não vejo que seja sensato sossegar. Etarei errado? Estarei a ser apenas impulsivo e sempre insatisfeito?
--
Sossega rapaz? Está tudo bem
Abre o leque de opções? Depois é tarde demais

Gostava tanto de ver claro e de ver cinco anos à frente
---

Father and son

Father
It's not time to make a change,
Just relax, take it easy.
You're still young, that's your fault,
There's so much you have to know.
Find a girl, settle down,
If you want you can marry.
Look at me, I am old, but I'm happy.

I was once like you are now, and I know that it's not easy,
To be calm when you've found something going on.
But take your time, think a lot,
Why, think of everything you've got.
For you will still be here tomorrow, but your dreams may not.

Son
How can I try to explain, when I do he turns away again.
It's always been the same, same old story.
From the moment I could talk I was ordered to listen.
Now there's a way and I know that I have to go away.
I know I have to go.

Father
It's not time to make a change,
Just sit down, take it slowly.
You're still young, that's your fault,
There's so much you have to go through.
Find a girl, settle down,
if you want you can marry.
Look at me, I am old, but I'm happy.
(Son-- Away Away Away, I know I have to
Make this decision alone - no)

Son
All the times that I cried, keeping all the things I knew inside,
It's hard, but it's harder to ignore it.
If they were right, I'd agree, but it's them They know not me.
Now there's a way and I know that I have to go away.
I know I have to go.

(Father-- Stay Stay Stay, Why must you go and
make this decision alone?)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

909 - Uma nova etapa ou o virar de uma página



Sinto que se fechou um ciclo:
- Houve eleições e algo mudou
- Concluí uma tarefa que me ocupava a mente desde há um ano a esta parte
- O Outono aproxima-se a passos largos e os dias ficam mais pequenos
- ...

Não! não estou em baixo e não estou desiludido. Sinto apenas que se fechou (completou) um ciclo. Não sei o que aí vem nem como vai ser. Sei bem que a vida continua muito para além das nossas vidas pessoais e pequenas histórias.

Sei apenas que votei em consciência e que no meu distrito se elegeu mais um deputado.
Sei apenas que este fim de semana tive uns dias preguiçosos e até aproveitei para ir à praia e tomar um banho (apesar do nevoeiro que caiu). Já não o fazia em Outubro desde há imensos anos.

Sinto que se fechou um ciclo. Não sei para onde vou mas sei que o que passou é passado.

P.S. 1
mas cabe perguntar: existe uma saída?
vem longe ainda a praia do futuro

P.S. 2
E sobretudo não me venham dizer que o passo atrás é um retrocesso!

A Noite
a)

Com que passo tremente se caminha
Em busca dos destinos encobertos!
Como se estão volvendo olhos incertos!
Como esta geração marcha sozinha!

Fechado, em volta, o céu! o mar, escuro!
A noite, longa! o dia, duvidoso!
Vai o giro dos céus bem vagaroso...
Vem longe ainda a praia do futuro...

b)
Em tudo que já fomos está o que seremos
No fundo desta noite tocam-se os extremos
E se soubermos ver nos sonhos o processo
Os passos para trás não são um retrocesso

A noite é um sinal de tudo quanto fomos
Dos medos, dos mistérios, das fadas e dos gnomos
Da ignorância pura e da ciência irmã
Em que, sendo passado, já somos amanhã

A noite é o espaço vago, o tempo sem história
Em que as perguntas nascem dentro da memória
Em tudo que já fomos está o que seremos
Mas cabe perguntar: Foi isto que quisemos?

Em tudo que já fomos está o que deixamos
No ventre das marés, nos portos que tocamos
O rumo desvendado, o preço da bagagem
É tudo quanto resta para seguir viagem

A noite é parideira da contradição
Que existe em cada sim que nos parece não
Olhando para nós, os grandes dissidentes
No meio da luta entre lemes e correntes

Será esta viagem feita pelo vento
Será feita por nós, amor e pensamento
O sonho é sempre sonho se nos enganamos
Mas cabe perguntar: Como é que aqui chegamos?

a)
Vem longe ainda a praia do futuro...

É a luta sem glória! é ser vencido
Por uma oculta, súbita fraqueza!
Um desalento, uma íntima trisreza
Que à morte leva... sem se ter vivido!

A estrada da vida anda alastrada
De folhas secas e mirradas flores...
Eu não vejo que os céus sejam maiores,
Mas a alma... essa é que eu vejo mais minguada!

b)

Em tudo que já fomos estão os nossos mortos
E os vivos que ficaram entram nos seus corpos
Na noite do amor, na noite do sinal
Naufrágio de fantasmas na pia baptismal

A noite é o impreciso e escuro purgatório
Que alinha as nossas almas no seu dormitório
A culpa dos heróis é serem sempre poucos
Acaso somos mais? ou tão-somente loucos?

Temos que descasar a culpa e o prazer
Naquilo que fizemos ou deixamos de fazer
Para reconstruir os corações cativos
Mas cabe perguntar:

c)
Mama, meu menino, o leite é como um rio

b)
Acaso estamos vivos?

a)
Eu não vejo que os céus sejam maiores!

Irmãos! Irmãos! amemo-nos! é a hora...
É de noite que os tristes se procuram,
E paz e união entre si juram...
Irmãos! Irmãos! amemo-nos agora!

Vós que ledes na noite... vós, profetas...
Que sois os loucos... porque andais na frente...
Que sabeis o segredo da fremente
Palavra que dá fé - ó vós, poetas!

b)
Em tudo que já fomos há um sonho antigo
Conversa universal de cada um consigo
São sombras e brinquedos, tudo misturado
E o vago sentimento de nascer culpado

c)
Mama, meu menino, o leite é como um rio

b)
Será um sonho absurdo este olhar para dentro
E o nosso destino, só, servir de exemplo
Andamos a fugir à frente desta vida
Mas cabe perguntar: Existe uma saída?

a)
Irmãos! Irmãos! amemo-nos agora!
É de noite que os tristes se procuram!

Sim! que é preciso caminhar avante!
Andar! passar por cima dos soluços!
Como quem numa mina vai de bruços,
Olhar apenas uma luz distante!

Irmãos! Irmãos! amemo-nos agora!
É de noite que os tristes se procuram!
Heis-de então ver, ao descerrar do escuro,
Bem como o cumprimento de um agouro,

Abrir-se, como grandes portas de ouro,
As imensas auroras do futuro!

c)
Mama, meu menino, o leite é como um rio
Que nunca pára de correr
O leite branco
É o remédio santo
Com que tu vais crescer
Entre as duas margens quentes e fecundas
Mama, meu menino, sem parar
Rio sem fundo
Que corre devagar

Mama o leite, meu passarinho,
Mata a sede sem temor
Este rio é o teu caminho
O cordão do meu amor

Mama, meu menino, mais um poucochinho
Que eu páro o tempo só p'ra ti
Seiva de vida
Com que fui enchida
Quando te concebi

Um pequeno esforço, mete-te ao caminho
Duas colinas mais além
Asas de estrume
P'ra te dar o lume
Oh meu supremo bem

Mama o leite, meu passarinho,
Mata a sede sem temor
Este rio é o teu caminho
O cordão do meu amor

a)
Irmãos! Irmãos! amemo-nos agora!
É de noite que os tristes se procuram!

José Mário Branco

domingo, 4 de outubro de 2009

906 - Gracias a la vida



In Memorian:

Gracias a la vida que me deu a possibilidade de ter convivido desde muito novo com a música de Mercedes Sosa e de a ter como acompanhante da minha história pessoal desde há muito.

Gracias a la vida que esta mulher se manteve firme na defesa dos seus ideais e que, com isso, deu esperança a muitos sem qualquer esperança

Gracias a la vida que Mercedes Sosa e a sua música existiram para chatear todos os prepotentes desde mundo

Bem hajas por teres sido quem foste!
Bem hajas pela tua energia

Gracias a la vida que nos deste

sábado, 3 de outubro de 2009

905 - Missão cumprida



Por estes dias andei envolvido num projecto internacional. Recebi cerca de 40 professores de toda a Europa e América na "minha" (nossa) casa.

Foi duro gerir sozinho toda a logística de um evento destes.

Não me queixo!

fi-lo por gosto! (também se fosse apenas trabalho nunca me meteria numa coisa destas!)

O pessoal ficou maravilhado com a nossa cultura, as nossas belezas naturais e o nosso profissionalismo.

Não pude deixar passar a ocasião para lhes passar alguns dos nossos maiores poetas (havia sempre ocasião para tal). Claro que as traduções, são sempre traições (e isso nota-se bem neste vídeo), claro que traduzir poesia é de loucos, claro que tentar passar a alma do poeta não faz sentido. O poeta é ele próprio e ninguém pode viver a sua vida, nem sentir o que ele sente.

No entanto...
Tenho a sensação de dever cumprido!

P.S. - O fantástico nestas coisas é perceber que as fronteiras são linhas desenhadas a régua e esquadiro em gabinetes e que as aves não as têm. Deixem-nos ser aves e voar

Poetas

Aí as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma para sentir
A dos poetas também!

Florbela Espanca

1903 - (da Resiliência) Crónica de um dia de praia

Decidi ir à praia à tarde. Chego à Costa de Caparica e ao parque de estacionamento. Vejo muitos carros a sair; fico satisfeito por pensar ...