domingo, 30 de dezembro de 2007

302 - Era inevitável...















É um "cliché" quase inevitável, por estas alturas do ano, fazer um balanço do dito!
Quem sou eu para fugir à regra, numa coisa que até gosto de fazer?

Vamos então a isso.

Aspectos positivos:
- experiências muito positivas e gratificantes na Gronelândia e Irlanda. Afinal o reconhecimento do valor daquilo que vamos fazendo é sempre algo que nos faz bem ouvir e sentir.
- As férias grandes - tempo de relax e de carregar baterias. As idas a Paris e praia pelos Algarves.
- As formações que orientei em Bibliotecas Escolares (Loures, Olivais, Azambuja, Benavente, Alcochete, DGIDC, ...) Foram experiências muito gratificantes de troca de experiências e de reflexão em conjunto sobre algo que me é querido. Penso que correram muito bem.
- Algumas das tarefas realizadas no Gabinete
- Amizades que se foram mantendo e outras que foram nascendo

Aspectos negativos:

Bom, como dizia Camões
"do mal ficam as mágoas na lembrança"
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Aditamento (1 hora depois da publicação)
Não posso deixar de referir como negativo todas as mudanças na educação que não têm feito nenhum sentido nem garantem um melhor ensino nem melhores aprendizagens. No topo do fundo está o concurso de professor titular e tudo o que isso implicou.
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A propósito de balanços de ano e de esperanças num futuro, fica muito bem este poema do qual só hoje tomei conhecimento a propósito da bonita foto de uma cigana tirada há 50 anos...


poema social

quero o orgulho desta criança
para enfrentar a vida,
o seu ar de desafio, o sabor
das tristezas que transporta
no olhar penetrante
por entre as farripas dos cabelos.
quero o seu aprumo sem família
contra o mundo.

talvez amanhã seja puta, drogada ou mesmo milionária
coberta de esmeraldas,
batedora de records de atletismo
ou simplesmente secretária,
empregada de balcão
a sonhar-se miss qualquer coisa
e a desprezar quem na esqueceu.
talvez dê em mulher-polícia, persiga irmãos e primos,

ou venda bugigangas pelas feiras
e cortes de fazenda , talvez me leia a sina
com um criança ranhosa nos braços
e a fala estropiada. ou talvez saiba os nomes das estrelas,
se doutore em física quântica no instituto max planck,
seja médica anestesista, actriz numa novela de subúrbio,
revolucionária de metralhadora em punho,
bailarina de cabaret a esvoaçar.
seja o que for, eu quero.
quero o seu brilho nos olhos,
a sua boca firme, o seu
cabelo em desalinho, os seus
andrajos, o todo mendicante às três pancadas,
a intimidar-me com a terrível experiência
da vida que já tem, da infância que nunca teve,
dos silêncios medidos de ter brincar aos adultos.

quero, just in case. não sei se muda o mundo.


Vasco Graça Moura, giraldomachias, onze poemas e um labirinto sobre fotografias de gérard castello-lopes

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